Você já quis saber por que o Incrível Hulk é verde, ou onde o Super-Homem guarda a roupa depois de se trocar na cabine telefônica? E já sonhou descobrir quanto mede o pescoço de uma girafa, ou quanto pesa uma mosca?

Se você respondeu sim a essas perguntas, parabéns, você é uma pessoa curiosa. Esta é uma qualidade importante dos seres humanos, já que por causa dela é possível aprender mais e melhor sobre tudo que existe no universo.

O jornalista e escritor Marcelo Duarte tem 56 anos e conta que foi uma criança curiosa —“mas nunca fui uma criança xereta!”, avisa. “Não lembro de ir na casa de alguém e abrir a geladeira pra ver o que tem dentro, por exemplo, ou de abrir meus carrinhos pra ver como eram feitos.”

Marcelo lembra que era muito “perguntador”. “Eu perguntava o porquê disso, o porquê daquilo, e tinha compulsão por leitura. Sabe quando se diz que alguém gosta tanto de ler que lê até bula de remédio? Eu fazia isso de verdade.”

Tanta vontade de entender as coisas transformou Marcelo no curioso mais famoso do Brasil. Há 25 anos, ele publicou um livro chamado “O Guia dos Curiosos”, em que reunia informações sobre temas variados, de interesse de crianças e adultos.

De lá para cá, o escritor já lançou mais de dez versões do guia, vendeu mais de 700 mil exemplares, e agora comemora o aniversário do livro com “O Guia dos Curiosos – Edição Fora de Série”, que Marcelo acredita que pode fazer sucesso com os filhos e filhas de quem curtiu a primeira edição na época do lançamento.

Naqueles tempos, aliás, não existia o Google, o site que, junto com Marcelo, é quem mais tem respostas para perguntas em todo o mundo. O autor brinca que seu primeiro livro foi “o Google antes do Google”.

A ideia para escrever o primeiro guia surgiu em um almoço dele com a família. Em meio às conversas que acontecem em momentos assim, alguém lançou no ar uma dúvida muito séria: quais são os nomes dos sete anões da Branca de Neve?

Pânico generalizado. Marcelo, seus pais e seu filho só sabiam seis nomes, e o sétimo era um grande mistério. E agora? “Foi um desespero, e ainda não existia a possibilidade de ver no Google”, lembra.

“Eu já era jornalista e fiz o que todo jornalista ainda faz, que era ligar para as pessoas. Procurava nos livros que tinha, consegui números na lista telefônica, passava fax”, conta (se você não sabe o que é um fax, peça a um adulto para explicar como esse meio de comunicação funcionava).

“Eu ligava para professores de universidades perguntando o peso de uma mosca, liguei no Playcenter para saber a velocidade de uma roda gigante. Era época das ‘Tartarugas Ninjas’, e eu liguei no zoológico para saber se tartarugas podiam comer pizza.”

Marcelo diz que muitas pessoas ficavam desconfiadas com as ligações. “Desligavam na minha cara achando que era brincadeira. Mas cada informação que eu conseguia me dava uma satisfação muito grande.”

Para o escritor, ser curioso é se dar a chance de, além de aprender e entender, também criar coisas. “Os grandes criadores das grandes invenções foram grandes curiosos”, define. Ele próprio inventou objetos para vender na escola durante a infância.

“Teve uma vez que comprei umas caixinhas de isopor e punha uma latinha de refrigerante dentro, escrevia na frente ‘Só abra em caso de emergência’, e vendia como uma coisa superlegal. Foi uma péssima invenção, porque o isopor chupava muito a tinta da caneta e eu perdia mais caixinha do que ganhava dinheiro.”

Com essa idade, Marcelo conta que era “gordinho, tímido demais”, e não ia muito bem nos esportes. Ele também não interagia muito com a turma no recreio, e preferia ficar sozinho responder a jogos de perguntas.

“A curiosidade me fez entender o mundo em que a gente vive. Sempre gostei de olhar para as coisas e tentar entender por que elas tinham aquele nome, quem tinha inventado, por que tinham aquela cor. E, por ser tímido, eu preferia ouvir do que falar.”

Em “O Guia dos Curiosos – Edição Fora de Série”, Marcelo traz curiosidades inéditas, que nunca apareceram em nenhum dos seus mais de dez livros anteriores. Foram cerca de dez meses reunindo as informações.

A ideia do novo guia é provocar nos leitores a reflexão de “nossa, por que não pensei nisso antes?”, explica Marcelo, que garante que hoje já não está mais preocupado com o nome do sétimo anão.

E, como uma palinha do que apresenta na publicação, o autor faz a cortesia de responder àquelas perguntas lá do início deste texto: o Super-Homem guarda a roupa comum na parte de dentro da sua capa, em um bolso secreto, e o Hulk é verde por um erro da gráfica na primeira impressão de suas histórias.

“Ele foi planejado para ser cinza, mas o criador do personagem, Stan Lee, acabou gostando do resultado e adotou o verde”, escreve Marcelo.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança