Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Movimentos mágicos da dança do passinho guiam novo livro

Otávio Júnior escreve sobre meninas e meninos que parecem ter molas em vez de pernas

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São Paulo

O escritor Otávio Júnior nunca soube requebrar muito bem o corpo, mas, na sua imaginação, sempre foi um grande dançarino. Bastava ver alguém dançando e sua mente já voava longe, para um lugar em que ele dominava com muito talento todos os ritmos.

O estilo favorito de Otávio —e aquele em que ele era o dançarino imaginário mais fantástico— era o passinho, um tipo de dança que nasceu nas favelas do Rio de Janeiro por volta dos anos 2000, e que hoje é considerado patrimônio cultural e imaterial da cidade.

No passinho, os movimentos são tão ágeis e flexíveis que parece que as bailarinas e bailarinos têm molas no lugar das pernas. Parece que elas formam um furacão. E, de tanto admirar essas pessoas que executam na vida real tudo que ele fazia de olhos fechados, sonhando, Otávio quis fazer um livro para homenageá-las.

Desenho de Bruna Lubambo para o livro 'De Passinho em Passinho', de Otávio Júnior, sobre a dança do passinho - Divulgação

“De Passinho em Passinho – Um Livro para Dançar e Sonhar” mostra um pouco de tudo que essa dança significa. “O movimento do passinho é lindo e é de muitas pessoas, em um cenário nacional e internacional. O passinho para essas pessoas é como se fosse uma religião, porque existe um compromisso forte”, resume Otávio.

“Todo mundo pode dançar passinho, tanto menino quanto menina, não importa a idade”, garante Thiago de Paula, diretor da organização Passinho Carioca, que ajudou o autor do livro com dicas importantes. Ele e Otávio são amigos de infância.

Bruna Lubambo também se juntou a eles para criar o novo livro —são dela as ilustrações que demonstram a agilidade do passinho na prática. “Sempre gostei muito de frevar, dançar o frevo ou ‘fazer o passo’, como minha família, pernambucana, diz”, conta Bruna.

“Mas o movimento do passinho, que muito tem de frevo, eu conheci na cidade de Belo Horizonte. Vim morar na capital mineira com 17 anos. Conheci esse movimento potente, hipnotizante. De lá pra cá virei uma grande admiradora, fã mesmo. Até arrisco uns passinhos”.

Ilustração do livro De Passinho em Passinho
Livro é para "dançar e sonhar", diz o autor - Divulgação

Nas páginas de seu livro, Otávio diz que o passinho também serve para cantar as nossas dores, mesmo sendo um ritmo muito animado, que as pessoas dançam com alegria. “Muitos dos jovens que dançam passinho já passaram por muitas dificuldades. Então, muitas vezes eles estão ali dançando para extravasar e esquecer os problemas da vida.”

Otávio já é um autor premiado. Seu livro anterior, “Da Minha Janela”, ganhou o Jabuti em 2020, que é um dos troféus mais importantes que um escritor pode receber.

Ele conta que sempre teve vontade de escrever sobre o passinho, mas que a decisão definitiva veio depois de assistir à Mirela, uma menina que, certa noite, há alguns anos, exibia suas pernas de mola no bairro da Lapa, no centro do Rio.

“Ela era filha de um barraqueiro que estava lá vendendo água. Tinha uma caixinha de som, e ela estava dançando. Era uma dança tão linda, tão encantadora, que as pessoas paravam de fazer o que estavam fazendo para olhar. Eram movimentos mágicos”, conta.

“Ela me motivou muito a escrever. Porque, na minha imaginação, eu estava ali acompanhando aqueles passos. Eu fechava os olhos e acompanhava.”

DE PASSINHO EM PASSINHO - UM LIVRO PARA DANÇAR E SONHAR

  • Preço R$ 39,90 (32 páginas)
  • Autoria Otávio Júnior e Bruna Lubambo
  • Editora Companhia das Letrinhas

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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