Burro de d. Pedro conta tudo o que viu no 7 de Setembro

Em novo livro sobre a independência, príncipe monta um burro, e não um cavalo

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São Paulo

O dia 7 de setembro está chegando, e ele é lembrado todos os anos e ensinado nas escolas porque marca um acontecimento importante para a história do Brasil —foi neste dia que, há quase 200 anos, a independência do Brasil foi proclamada.

Antes disso, o Brasil era ligado a Portugal, porque foram os navegadores portugueses os responsáveis pelo "achamento" do nosso país, em 1500. Com o Dia da Independência, o Brasil deixava de ser uma colônia portuguesa —ou seja, uma propriedade de Portugal— para se tornar uma nação independente.

Alguns estudiosos de história, os historiadores, explicam que tudo começou com uma decisão da mulher do imperador d. Pedro 1º, Maria Leopoldina, que ficou no comando de tudo enquanto o marido viajava do Rio de Janeiro até São Paulo, e que ele apenas tornou tudo oficial.

Existe um quadro famoso que retrata o que teria sido o momento em que d. Pedro deu o grito que mudaria a história do país. É o "Independência ou Morte", pintado por Pedro Américo em 1888 e exibido no Museu do Ipiranga, em São Paulo (que está em reformas e deve ser reaberto para visitas no ano que vem).

Quadro 'Independência ou Morte', do pintor Pedro Américo, em exposição no Museu Paulista, conhecido como Museu do Ipiranga, em São Paulo - Folhapress

"Quando a independência foi proclamada, o pintor Pedro Américo não era nem nascido. Ele fez uma pesquisa para saber como tudo havia acontecido", conta o escritor Marcelo Duarte, um grande fã desse período da história brasileira.

"Mesmo assim, resolveu dar mais pompa à cena, fazendo uma série de mudanças. Acredite: ele trocou o burro por um cavalo porque a tal montaria não condizia com a cena da independência. Mas, para aguentar a subida da serra entre Santos, onde a comitiva estava, e São Paulo, os burros é que davam conta do recado."

Ilustração de Biry Sarkis prova que o cavalo de d. Pedro era, na verdade, um burro - Divulgação

Pois é: o cavalo do imperador era, na verdade, um burro. E, como forma de homenagem ao bichinho que ficou anônimo por tanto tempo, Marcelo escreveu um livro sobre ele —quer dizer, Marcelo só reproduziu os pensamentos que o próprio burro teve, e publicou "Memórias Póstumas do Burro da Independência".

"Há quem diga que as memórias foram escritas antes de ele morrer. Só depois é que seus manuscritos, digo, patuscritos foram encontrados. Podem ter sido também psicografados (ditados por um espírito e escritos por alguém). Há muito mistério em torno dessa questão", explica Marcelo.

"Só sei que a minha fonte de inspiração foi o genial ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, de Machado de Assis. Foi um livro também muito marcante para mim. Tanto que guardo até hoje a versão que eu li em 1976!".

O burro se chama Fico. No livro de Marcelo (ou, melhor dizendo, do burro), ele explica que foi d. Pedro quem o batizou. Era uma piada interna entre o príncipe e o animal, uma brincadeira com uma frase que d. Pedro disse quando ficou sabendo que Portugal queria que ele largasse o Brasil e voltasse para a Europa.

A história é contada em primeira pessoa (ou seria primeiro burro?), e Fico conta detalhes divertidos sobre este momento tão importante para o país. Há uma parte triste, no entanto, quando ele lamenta não ter sido enterrado no Mausoléu da Independência, ao lado de D. Pedro e de dona Leopoldina, no Parque da Independência, em São Paulo.

"Ele acabou esquecido e enterrado numa vala comum", diz Marcelo, chateado. "Fico não revela a localização desta vala, mas há quem diga que ela fica no bairro do Burrooklin."

Memórias Póstumas do Burro da Independência

  • Preço R$ 39,90 (40 páginas)
  • Autoria Marcelo Duarte
  • Editora Panda Books

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