Descrição de chapéu Livros Todo mundo lê junto

Como é o melhor lugar do mundo? Livro mostra que ele pode nem ser tão bom assim

Com poemas de Eduardo Sens e ilustrações de Galvão Bertazzi, coletânea de poesia para crianças vira tudo de ponta cabeça

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São Paulo

Onde fica o melhor lugar do mundo? Durante a pandemia, ficou fácil de responder. É onde não existe coronavírus e ninguém precisa usar máscara para se proteger. É um espaço cheio de amigos e de abraços dados pela família.

Mas será que é mesmo assim? No poema que dá título ao livro “O Melhor Lugar do Mundo”, do escritor Eduardo Sens, o personagem jura de pé junto que já viajou para lá. Mas não vou contar o que ele diz, senão a surpresa vai estragar.

Dou uma dica: o melhor lugar do mundo é bem diferente do que você imagina. Aliás, essa poesia e também várias outras do livro são cheias de reviravoltas e mostram que nada é como parece ser à primeira vista.

Duvida? O livro tem versos sobre russo que desce pela privada, sobre escuro que tem medo de criança e até sobre umbigo que segura a bunda. Isso sem falar do braquiossauro que ruge.

Tudo é ilustrado pelo Galvão Bertazzi, que faz os desenhos da coluna da Flávia Boggio aqui na Folha. As ilustrações são todas em preto e branco, com exceção da capa. Eu avisei que era tudo meio diferente e maluco. Dá vontade de pegar a canetinha e colorir cada um dos personagens.

Mas não são só as imagens que podem parecer familiares aos adultos, que veem o traço do Galvão todas as semanas no jornal. Alguns poemas dão uma piscadinha para poetas importantes e agradam gente grande e criança.

O passarinho dos versos famosos do Mario Quintana, por exemplo, voa nas páginas. Já o ritmo do trem de ferro do Manuel Bandeira, que foi declamado até no “Castelo Rá-Tim-Bum”, parece o do relógio da poesia “Perda de Tempo”, cheia dos tic-tac, tic-tac, tic-tac.

Ainda não falei como é o melhor lugar do mundo descrito no poema que dá nome ao livro, né? Vou dar um pequeno spoiler então. Calma, não precisa parar de ler, porque não vou entregar o jogo tanto assim.

Como disse, o melhor lugar descrito no livro “O Melhor Lugar do Mundo” é um pouco diferente. Lá, o pão não é branquinho, não existe samba e ninguém dá um abraço. Pior, ninguém fala a nossa língua. Acredita?

O personagem não gosta muito disso e define esse local com uma palavra. Um palavrão. Não digo qual é —só que ele rima com aposta, crosta, birosca. Afinal, como diz outro poeta, o Gilberto Gil, o melhor lugar do mundo é aqui. E agora.

O Melhor Lugar do Mundo

  • Preço R$ 40 (156 págs.)
  • Autoria Eduardo Sens
  • Editora Caiaponte Edições
  • Ilustrador Galvão Bertazzi
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