Descrição de chapéu Todo mundo lê junto AIDS

Entenda o que é o HIV e como é viver com ele

'Ele é um bichinho que gosta de morar nas células que cuidam da minha saúde', explica o cantor Gaê

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São Paulo

Um corte no joelho depois de um tombo ou aquela dor de garganta que de vez em quando aparece são problemas de saúde que os médicos identificam rapidinho. Mas há algumas doenças que, para que eles possam nomear sem dúvidas, é preciso antes realizar alguns exames.

Há pouco mais de uma década, quando tinha 18 anos, Gabriel Estrela, o Gaê, estava exatamente nessa situação pela qual todo mundo já passou (ou vai passar) um dia: no laboratório colhendo sangue e fazendo xixi no potinho. E, enquanto seu médico pesquisava o nome exato do que ele tinha, eles acabaram recebendo um resultado inesperado.

Um dos exames acusava que Gaê, além do problema agudo para o qual seu médico buscava um nome, também tinha outra doença —o papel dizia que ele é HIV positivo.

Gabriel Estrela, o Gaê, é portador do HIV e conta como é sua rotina - Ronny Santos/Folhapress

"O HIV é um bichinho muito pequenininho que está no meu corpo e que gosta de morar nas células que cuidam da minha saúde. E, enquanto ele mora lá, essas células não podem cuidar das minhas defesas", explica Gaê.

"HIV, sigla que significa vírus da imunodeficiência humana (em inglês), é o causador de uma doença conhecida como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou AIDS). Esse vírus destrói algumas células do corpo responsáveis pela defesa contra germes, parte importante do sistema imune. Ao fazer isso, enfraquece a defesa da pessoa, que pode passar a ter várias infecções", completa o médico infectologista Esper Kallas.

Um ponto importante de explicar aqui é que o corpo humano não consegue se libertar do HIV —uma vez com ele, com ele para sempre. Por isso, naquela hora em que Gaê recebeu seu diagnóstico, ele teve que lidar com um monte de sensações desconhecidas.

"Senti muito medo, desespero, medo de ter que encarar isso tudo sozinho, de não ter gente me apoiando, me amando, querendo que eu ficasse bem. A primeira coisa que eu fiz foi falar com meus pais e pedir a ajuda deles. Eu tinha 18 anos, já era um adulto. Eles me ajudaram, me levaram num médico muito legal", lembra.

Acontece que, embora não exista cura para o HIV, é possível, ainda assim, levar uma vida normal mesmo tendo o vírus no corpo. Inclusive porque, seguindo bem o tratamento, o HIV fica ali quietinho, sem causar sintomas.

"Tomo remédio todo dia. Se eu esqueço, logo corro pra tomar. Tem que ser bem organizadinho, tenho horário no celular pra lembrar", conta Gaê. E ele lembra que as coisas não foram sempre assim na história da medicina.

"Antigamente, 40 anos atrás, quando descobriram o HIV, eles não sabiam muito bem como tratar. Então, os remédios eram muito ruins, porque, ao tentar tirar o bichinho do organismo, os remédios também machucavam nosso corpo", explica.

"Mas a ciência evoluiu: olha aí o nosso celular tirando foto! Então, os remédios não têm mais interferência, e eu só preciso cuidar de tomar. Inclusive até como besteira, às vezes", confessa Gaê, rindo. "Como salada, como bolo de chocolate. O bolo, eu repito, a salada, não", brinca.

Gaê gosta de salada e de bolo - Ronny Santos/Folhapress

Gabriel Estrela hoje tem 29 anos, é cantor e mora em São Paulo com o namorado, Jean, e o cachorro, João. Ele nasceu em Goiânia, mas cresceu em Brasília. Ele tem uma irmã mais velha, com quem não se dava muito bem na infância. "Quando a gente viajava, meus pais mandavam a gente ir de bunda com bunda no carro, pra não ficar brigando. Hoje, ela é uma das minhas melhores amigas", conta.

De tanto que acha importante que as pessoas compreendam melhor o que é o HIV e se libertem de qualquer preconceito que possam ter, Gaê já até escreveu e dirigiu uma peça de teatro sobre o tema. Além disso, trabalhou em uma ONG que atendia crianças que ou também eram portadoras do vírus, ou conviviam em casa com algum portador.

"Aprendi nestes anos todos que não dá pra falar de saúde se não tiver muito amor envolvido. Se não for pra amar cada pessoa de quem a gente quer cuidar, não dá", resume. "Mais importante do que livro, do que faculdade, do que tecnologia, é o amor. Sei que é uma ideia brega, mas ela é muito real."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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