Se estivesse vivo, David Bowie celebraria neste sábado (8) seu aniversário de 75 anos. Você pode não estar ligando o nome à pessoa, mas é provável que já tenha escutado uma ou mais músicas dele. E até, quem sabe, visto uma pintura famosa que ele fez no rosto para a capa de um de seus discos.
A Folhinha conversou com o jornalista Luiz Cesar Pimentel, especialista em música, para entender melhor quem foi este artista que tantas mães e pais adoram.
Quem foi David Bowie?
Ele é considerado o artista mais influente dos últimos cem anos. Repare que não disse nem músico mais influente, nem maior ou melhor. Ele simplesmente usava a música como canal para escoar a genialidade. E justamente a música foi sua forma de arte menos genial, pois ele nunca criou um gênero ou estilo novo, como os Beatles ou Elvis. Entende a diferença?
A genialidade dele estava na maneira como enxergava antes de todos o que ia acontecer no mundo, e já se preparava para expressar isso na moda, nos conceitos que criava e também na música, onde misturava tudo. São pouquíssimos esses artistas visionários. Bowie foi o maior deles.
Quais as músicas mais famosas dele?
Ele gravou 27 discos, mais de 400 músicas e escreveu pelo menos 271. Cada pessoa tem as suas preferidas, mas vou citar dez realmente famosas: "Let´s Dance", "Modern Love", "Space Oddity", "Starman", "The Man who Sold the World", "Ziggy Stardust", "Fame", "Heroes" e "China Girl". São aquelas que só de falar o nome a maioria das pessoas já as cantarola na cabeça, sabe? E também mostram como ele usou todos os gêneros musicais em sua obra.
Por que ele é importante para a história da música?
Conhece camaleão? Aquele réptil que tem o poder de mudar de cor. Pois esse era o apelido do Bowie. Porque, desde o começo, ele mostrou essa capacidade de se reinventar a cada trabalho. Com isso, mostrou a beleza que é não ter preconceitos, não importar a roupa que se veste nem o gênero da pessoa que apresenta algo.
Ele usou vestidos e salto alto quando homem nenhum fazia isso, usou maquiagem, criou personagens e abraçou todos os gêneros musicais possíveis. Pensa no seu artista favorito atualmente, seja Billie Eilish, Dua Lipa ou Foo Fighters, e garanto que, se perguntar para eles a importância do Bowie em sua carreira, só vai ouvir elogios.
Ele teve um personagem chamado Ziggy, né?
Ziggy Stardust foi o personagem mais conhecido do Bowie. Stardust significa poeira estelar, e é o pó das estrelas que caiu na Terra ou que ainda continua no céu. Ziggy foi justamente essa combinação de humano e extraterrestre. Na verdade, é uma estrela do rock que funciona como mensageiro de ETs. E as letras falam justamente disso. Legal, né?
E ele também falava de astronautas, do espaço etc.
David Bowie era fascinado com temas espaciais, pois estes são cheios de mistérios e envolvem o desconhecido. Um dos discos mais famosos dele chamava "Space Oddity" (Estranheza Espacial) e foi lançado uma semana antes do foguete Apolo 11 ser lançado ao espaço e ser a primeira missão terrestre a pousar na Lua. Como falado antes, ele era um artista que "lia" divinamente o mundo e o traduzia em forma de arte.
E aquela pintura famosa que ele fez no rosto, você sabe quando foi?
Aquele é um "electric boy" (garoto elétrico) criado por Bowie e que está na capa do disco "Alladin Sane", de 1973. Como era para representar um rapaz elétrico, ele teve a ideia de fazer o raio vermelho e azul no rosto, como se o garoto tivesse sido atingido pelo mesmo.
Por que você acha que alguns pais e mães gostam dele?
Porque ele ensina com leveza, e pelas próprias atitudes, que tudo o que importa é você fazer o que gosta sem prejudicar os outros e sem preconceito. É muito mais legal quando temos exemplos práticos para ensinar os filhos do que ficar falando: "faça o que quiser, da maneira que quiser, sem julgar ou prejudicar as outras pessoas, mas sempre dê o seu melhor naquilo que estiver fazendo". O David Bowie transformava toda essa lição em arte.
Seus filhos gostam dele?
Meus três filhos amam o David Bowie gratuitamente e desde muito pequenos, pois, mesmo sem compreender da maneira racional, eles entendiam os recados. E o fato de ele usar muitas cores, trocar corte e cor de cabelo, vestir cada vez roupas mais lindas e malucas e escrever músicas eternas dão uma boa ajudada.
Você ficou triste quando ele morreu?
Fiquei muitíssimo, e admito que foi um sentimento em boa parte egoísta, pois, ao morrer, ele estava me privando de me deliciar com suas genialidades. Tanto que ele programou lançamento de seu último disco para coincidir com a própria morte, dois dias após seu aniversário de 69 anos. Ao mesmo tempo, fiquei muito grato pelos 50 anos que ele dedicou à arte e a fazer nossas vidas melhores.
TODO MUNDO LÊ JUNTO
Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança
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