Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Médico explica como vai funcionar a vacina da Pfizer no corpo das crianças

Saiba por que demorou para ela chegar e se ela pode fazer algum mal

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São Paulo

Viva, chegou a vacina! Finalmente crianças de cinco a 11 anos serão imunizadas! Mas você sabe o que isso quer dizer? Será que a vacina vai destruir o vírus?

Ilustração mostra criança ao centro, ao redor dela, formando um coração duas seringas despejam um líquido. Ao redor das seringas, diversos coronavírus
Carolina Daffara

A essa altura você provavelmente está cansado de ouvir falar sobre o novo coronavírus, o causador da doença que ficou conhecida como Covid-19. É bem possível também que você conheça pessoas que tiveram a doença e que ficaram longe da família ou foram parar no hospital.

A primeira coisa que nós temos que aprender é que a vacina é o melhor jeito de prevenir uma doença, de evitar que as pessoas fiquem doentes.

Mas aí você pode perguntar: "Mas meu tio/avô/primo se vacinou e ainda assim ficou com Covid-19". E esta é outra lição importante: as vacinas não protegem sempre —pode ser que o vírus consiga infectar a pessoa. Mesmo nesse caso, a doença vai ser bem menos grave do que poderia ser, e o risco de ir para o hospital diminui bastante.

Para nos ajudar a entender como a vacina contra a Covid-19 funciona, conversamos com o Renato Kfouri,um dos médicos que mais têm estudado esse assunto. Ele é presidente do departamento de imunizações (que cuida de vacinas) da Sociedade Brasileira de Pediatria. E pediatria é a área da medicina que cuida da saúde das crianças.

"A vacina é algo que se parece com o que causa a doença, com a diferença de que não faz mal. A vacina engana nosso corpo para achar que ele está sendo atacado, e ele produz defesas, como se fosse numa guerra", conta Renato.

Com as defesas montadas, quando bactérias ou vírus invadem o organismo, eles não conseguem fazer o estrago que normalmente fariam.

Existem várias maneiras de se construir uma vacina, explica o médico. Uma delas é "amassar, triturar e lavar um vírus, até que ele esteja morto". São as chamadas vacinas de vírus inativado, incapazes de fazer qualquer mal, mas que já conseguem ensinar para o sistema de defesa quem é o inimigo e qual é a cara dele..

Muitas vezes só com um pedaço do vírus é o suficiente para construir esse "retrato falado" do bandido, e é esse o caso de duas outras possibilidades: uma é quando um vírus inofensivo carrega um pedacinho do malvadão e a outra é justamente tecnologia da vacina que acabou de chegar ao Brasil rumo ao braço dos brasileiros de cinco a 11 anos.

Nessa vacina é como se nosso corpo recebesse uma carta contendo uma fórmula secreta da proteína S (spike), uma das principais armas do coronavírus, usada na hora de invadir as nossas células.

Ao produzir e aprender como é a proteína S, treinamos nossas células de defesa e fazemos nossas próprias armas, os anticorpos, que são capazes de impedir que a S funcione. Legal, né?

O sistema de defesa fica bem treinado mesmo depois da segunda dose. Então não se esqueça de voltar ao posto depois de oito semanas —nem é tanto tempo assim, dá menos de dois meses.

Falando em esperar, você acha que demorou para a vacina chegar para as crianças? "Não demorou tanto, era importante ter certeza que ela não iria fazer nenhum mal", explica Renato Kfouri. "Os mais velhos, seus avós, por exemplo, eram os principais atingidos —por isso chegou para eles primeiro."

Outra dúvida comum é se a vacina dói ou pode fazer mal. "A picada dói um pouquinho e na hora e é chato, mas a doença é muito pior, bem mais chata. Imagine só se você, por não estar vacinado, transmitir o vírus para alguém da sua família e essa pessoa parar no hospital? É muito triste", lamenta o médico.

"Todas as crianças têm que saber que já tomaram um montão de vacinas, e estão saudáveis. Muitas doenças foram evitadas, e é por isso que estamos aqui. Ainda assim, nenhuma das vacinas garante 100% de proteção. Então, enquanto houver pandemia, temos que fazer tudo que estiver ao nosso alcance para combater a Covid-19: usar máscaras, evitar aglomerações, e sempre lavar as mãos com água e sabão", diz Renato.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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