Folhinha ajuda a entender por que a Rússia declarou guerra contra a Ucrânia

Conflitos humanos são todos uma versão aumentada da disputa dos meninos da rua Paulo

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Moscou

Desde a quinta-feira da semana passada, dia 24 de fevereiro, o mundo todo só fala de uma coisa: a guerra na Ucrânia.

Mas por que a Rússia, um país tão rico de história, começou uma invasão contra o seu vizinho, com quem divide inclusive uma origem comum, religião e até a língua? Como brasileiros e argentinos, contudo, eles muitas vezes não entendem o que o outro fala, e isso é ainda mais verdade na política.

Explicando a guerra na Ucrânia para as crianças
Catarina Pignato

Tudo começa num passado não muito distante. Até 1991, existia um país chamado União Soviética, que tinha 15 repúblicas. A principal era a Rússia, e a segunda mais importante, a Ucrânia. Uma série de fatores levou o regime que unia todos, o comunismo, a acabar. E, com ele, acabou o país.

Cada um foi para um lado. Mas os russos sempre buscavam manter amizade e influência sobre os ucranianos, porque o país separa o seu exército das forças dos países liderados pelos Estados Unidos na Europa, uma aliança chamada Otan.

Em 2014, depois de muito vaivém, um governo na Ucrânia ganhou o poder, e prometeu fazer o país entrar no clube dos americanos. A Rússia não gostou, e o presidente Vladimir Putin pegou de volta para ele uma península na qual moravam pessoas que falam russo e onde ele tem uma importante base de navios, a Crimeia.

Depois, outros falantes de russo, esses no leste da Ucrânia, começaram uma guerra para se separar. Foi um conflito horrível, onde morreram muitas pessoas, mais de 14 mil até hoje. Com esses problemas, a Ucrânia ficou fora do time dos americanos.

Nos últimos meses, o presidente Putin passou a pressionar os Estados Unidos e a Europa. Juntou um monte de soldados, quase 200 mil dos 900 mil que comanda, em torno do vizinho. E exigiu que a Ucrânia nunca entre no clube militar inimigo ou na associação de países chamada União Europeia.

Ninguém topou, e aí rolou um impasse. Os americanos e europeus falaram que Putin queria atacar, mas ninguém acreditava numa guerra assim, até porque o presidente sempre falou que os povos russo e ucraniano eram irmãos.

Mas, infelizmente, aconteceu.

Os russos dizem que é preciso acabar com a ameaça dos inimigos no país vizinho, e dizem defender aquele pessoal que mora no leste do país. Já Estados Unidos e Europa dizem que Putin está cometendo uma agressão absurda, e resolveram dificultar ao máximo a vida da Rússia, impedindo o país de fazer um monte de negócios mundo afora.

Agora, a Ucrânia está tentando se defender, mas pede mais ajuda da Otan. O problema é que americanos e europeus não vão mandar soldados ou tanques ou aviões para lá, porque isso seria declarar guerra à Rússia.

E tanto Putin quanto o presidente americano Joe Biden são donos de 90% das bombas atômicas do mundo. Ninguém pode pensar nessa gente brigando, pelo bem de todo mundo, já que essas armas podem levar ao fim do mundo de tão poderosas que são.

No meio de tudo, está o povo ucraniano, que nada tinha a ver com isso. São eles que sofrem mais com as bombas e os mísseis que estão caindo. Milhares tiveram de sair de suas casas para encontrar refúgio em países vizinhos, como a Polônia e a Hungria.

Foi na Hungria, aliás, que Pedro Bandeira encontrou sua sugestão para quem quer entender o tamanho do absurdo que toda guerra traz. Ele é um dos maiores escritores brasileiros, há mais de 40 anos publicando clássicos infantojuvenis como "A Turma dos Karas" e "A Droga da Obediência".

A Folhinha perguntou ao Pedro qual livro explicaria a guerra para os jovens. Ele sugeriu "Os Meninos da Rua Paulo", talvez a mais famosa obra já feita naquele país europeu, escrita em 1906 por Ferenc Molnár. Nela, os garotos da tal rua dominam um terreno baldio no qual brincam e jogam futebol na capital Húngara, Budapeste. Eles acabam desafiados por uma turma rival de meninos, que querem tomar conta do lugar.

Como na guerra, a coisa não acaba bem e, ainda pior, no fim todo mundo sai perdendo. Um dos personagens da "Turma dos Caras", Chumbinho, é inspirado em Nemeschek, um dos garotos. Para o Pedro, todo professor do Fundamental 2 devia indicar esse livro agora. A história é triste, mas toda guerra é.

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