Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Para curtir museus, é preciso visitar bastante e pensar sobre o que se sente estando lá

Folhinha conversa sobre por que adultos gostam tanto de exposições e se dá para criança gostar também

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São Paulo

Renata tem 8 anos e mora com os pais e o cachorro em São Paulo. Entre os programas que a família gosta de fazer aos finais de semana, estão visitas a museus em vários bairros da cidade.

A mãe de Renata conta que esses passeios acontecem muito porque ela, Naiana Torres, 38 anos, é apaixonada por artes, e porque usa os museus também para ter ideias de coisas legais para fazer com os alunos da escola onde dá aulas.

A primeira visita de Renata a um museu foi quando ela tinha só quatro meses de idade —de lá para cá, é museu atrás de museu, seja em São Paulo mesmo, seja em outras cidades e países para onde ela, Naiana e seu pai viajam de vez em quando.

A estudante Renata em frente à obra do artista Rodrigo Barrales, que decora a sala de jantar de sua casa na zona oeste da cidade - Bruno Santos/Folhapress

A impressão de Renata em relação aos museus é uma mistura de sentimentos. "O que eu gosto nos museus é que eu acho esculturas muito legais, elas saem do papel e aí você consegue ver que elas têm partes do corpo, dá pra ver atrás", exemplifica.

"E o que eu acho chato é que é meio silencioso e não tem lugar pra sentar, e eu não tenho paciência pra ver as coisas", completa.

Pois Renata é, nesse sentido, igualzinha à maioria das pessoas —e à maioria das crianças, principalmente. Todos nós vamos, ao longo da vida, descobrindo nosso jeito de entender e de gostar das artes, e esse processo definitivamente não acontece de uma hora para a outra.

"Eu gosto muito de visitar museus para ver muitas coisas diferentes, às vezes estranhas, às vezes curiosas, e gosto muito de pensar sobre elas, sentir todas as emoções que essas coisas causam em mim e conversar sobre o que vi, senti e pensei com quem estiver comigo", compartilha Milene Chiovatto, coordenadora da Ação Educativa da Pinacoteca de São Paulo.

Milene sugere que aqueles que querem "aprender" a gostar de museus pensem que são "superexploradores". "Sua missão é investigar e descobrir as coisas que mais gosta, as que menos gosta, as que ficou em dúvida, aquelas que causaram surpresa, aquelas que achou aborrecidas. Mas, para todas elas, pense no porquê você se sentiu assim."

Entre as dicas que Milene dá está levar um caderno ou bloco e lápis ou canetas nas visitas. A ideia seria escrever ou desenhar o que vier na cabeça durante o período em que se circula pelo museu.

Renata gosta muito de desenhar barcos e ondas, e leva seus lápis e um caderno sempre que vai a um museu com a família - Bruno Santos/Folhapress

Renata, a filha da Naiana, de São Paulo, faz isso já há bastante tempo. Ela leva seus instrumentos e fica lá, deitada no chão, até, desenhando as obras que vê. Entre as visitas de que mais gostou de fazer na vida está uma em uma mostra sobre Vincent Van Gogh.

"Vi uma obra que era ele com um chapéu de palha. E lá eu comprei um caderno de pintura que é das obras do Van Gogh", lembra Renata, que gosta muito de pintar e desenhar —seu tema favorito são os barcos e as ondas.

Esse passeio de que Renata conta aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos. É algo comum, entre as famílias que têm condições financeiras de fazer viagens, que, nessas ocasiões, os adultos aproveitem para agendar visitas a muitos e muitos museus, praticamente um —ou até mais de um— por dia.

"É verdade, é mais fácil ver famílias visitando museus fora da cidade onde moram", concorda a coordenadora Milene.

"Isso acontece porque os museus são um lugar para passear e pode ser bem bacana para conhecer a cultura do novo lugar onde estamos. Então, quando vamos para um lugar desconhecido, queremos saber um pouco mais como aquele lugar se formou, quem mora lá, quais os costumes, que língua falam, qual religião praticam, que festas fazem, enfim, como são. E os museus podem nos ajudar com isso", fala.

No entanto, Milene acha que também seria legal se todos visitassem museus também no lugar onde vivem. "Porque de alguma maneira eles falam sobre nós", ensina.

Ela, que hoje trabalha com artes, conta tinha muito medo de ir a museus quando era pequena. "Um dos primeiros museus dos quais me lembro de visitar foi o Museu Imperial em Petrópolis, num prédio enoorme! Me sentia pequenininha naqueles corredores gigantes, visitando sala depois de sala com um montão de coisas pra ver e o lugar cheirava a coisa velha".

"Para andar lá dentro, a gente tinha que colocar uns chinelos no pé, pra não estragar o chão. Era muito estranho não poder mexer em nada, andar com cuidado, não poder correr. Mas depois entendi que todos esses cuidados eram pra que hoje, eu sendo grande, pudesse visitar de novo esse mesmo lugar e voltar a ver as coisas que vi quando criança. Já imaginou se todo mundo que visitou o museu nesses anos todos mexesse em tudo? Não sobraria nada."

Sempre que pode, Renata convida uma amiga para ir aos museus com ela e sua mãe Naiana. Essa dica e a dos lápis e caderno são bons começos para quem quer dar uma chance aos museus e aprender a curtir visitá-los. E Milene ainda faz mais uma proposta: fazer da sua própria casa um museu por um dia.

"Você pode propor uma exposição da sua própria coleção, seja lá o que você coleciona. Ao construir sua exposição, coloque informações de como conseguiu cada peça, por exemplo, se for de figurinhas, pode colocar ao lado da figurinha um texto dizendo que trocou essa com o melhor amigo, ou ganhou jogando ‘bafo’."

"Chame a família para visitar sua exposição, e eles podem tirar suas dúvidas sobre sua coleção conversando com você. É verdade que nem sempre todas as visitas a museus serão superlegais, mas tenho certeza de que algumas deixarão lembranças marcantes."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança


Serviço

Masp

Terças, das 10h às 20h, e de quarta a domingo, das 10h às 18h. Ingressos: adulto R$ 50, estudantes e professores R$ 25, maiores de 60 anos R$ 25, menores de 11 anos grátis.

Agendamento online obrigatório pelo site www.masp.org.br/ingressos. Av. Paulista, 1578, Bela Vista, São Paulo. Tel. (11) 3149-5959.

MIS Experience

Até 10/7 "Portinari para Todos". Terça a domingo, das 10h às 18h, sábados e feriados, das 10h às 18h. Ingressos: inteira R$ 30 e meia R$ 15 (de quarta a sexta), inteira R$ 45 e meia R$ 22,50 (sábados, domingos e feriados). Rua Cenno Sbrighi, 250, Água Branca, São Paulo.

Tel. (11) 3613-2044.

Mube (Museu da Escultura)

Quarta a domingo, das 11h às 17h. Entrada gratuita para todas as idades.

Acesso pela R. Alemanha 221 e Av. Europa 218 (aos sáb. e dom.), Jardim Europa, São Paulo. Tel. (11) 2594-2601.

Museu Catavento

Terça a domingo, das 9h às 17h. Ingressos: inteira R$ 15, meia R$ 7,50. Grátis às terças. Compra e reservas no site www.museucatavento.org.br. Av. Mercúrio, s/n., Parque Dom Pedro 2, Centro, São Paulo. Tel. (11) 3315-0051 ou (11) 96392-1393.

Museu da Língua Portuguesa

Terça a domingo, das 9h às 16h30. Ingressos: inteira R$ 20, meia R$ 10, crianças até 7 anos não pagam. Grátis aos sábados. Ingressos na bilheteria e pelo site www.bileto.sympla.com.br/event/68203. Pça. da Luz s/n., Luz, São Paulo. Tel. (11) 4470-1515.

Museu do Futebol

Terça a domingo, das 9h às 18h. Ingressos: inteira R$ 20, meia R$ 10, crianças até 7 anos não pagam. Grátis às terças. Ingresso pela internet em www.bileto.sympla.com.br/event/67330. Pça. Charles Miller, s/n., Pacaembu, São Paulo. Tel. (11) 3664-3848.

Pinacoteca

Quarta a segunda, das 10h às 18h. Ingressos: inteira R$ 20, meia R$ 10, crianças até 10 anos e pessoas acima de 60 anos não pagam. Sábado grátis. Compras na bilheteria ou pelo site www.pinacoteca.org.br. Praça da Luz 2, Luz, São Paulo. Tel. (11) 3324-1000.

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