Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Saiba tudo sobre os ossos, desde o que tem dentro deles até como 'colá-los' de volta

Médico fala do esqueleto, que também é tema de livro engraçado para crianças

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São Paulo

Gabriela já tinha queimado três pessoas quando resolveu dar uma volta correndo na quadra da escola. Do outro lado, uma colega esperava para queimá-la quando ela passasse. Uma bolada no pé, um escorregão e pronto, lá foi Gabriela para o chão.

"Eu voei! Minhas amigas falaram que eu virei a Mulher Maravilha, a gente até deu risada depois. Mas eu caí de bumbum, meio deitada, e bati o punho no chão da quadra, que é bem duro", lembra Gabi, 12 anos, sobre aquela tarde jogando queimada com os amigos.

"Na hora não doeu muito, falei que tava de boa. Passaram 30 minutos, fui na enfermaria e começou a inchar. Contei pra minha mãe em casa, a gente enfaixou meu braço e continuou doendo, e aí a gente tomou a decisão de ir para o hospital."

Gabriela Branco Kauffman, 12, posa com o braço imobilizado ao lado do seu cão Menino - Karime Xavier/Folhapress

Lá, Gabi descobriu que ia precisar imobilizar o braço. "Fiquei um pouco chateada porque estava doendo e também por ter que ficar três semanas sem poder fazer atividade física", conta.

"Eu nunca tinha usado gesso antes, e com 12 anos até achei meio tardio nunca ter usado. De início até achei confortável, mas depois passou um tempo e tomar banho foi uma missão impossível."

Sempre entrava um pouquinho de água através do plástico protetor, conta Gabi, para quem a coceira lá dentro também foi muito chata —ela resolvia isso usando uma régua de 30 centímetros. Há alguns dias, ela foi autorizada a trocar o gesso por uma munhequeira.

Mas como é que se conserta um osso quebrado? Ou, como no caso da Gabi, que rompeu um ligamento, como é que os médicos fazem para reparar o problema? O ortopedista André Cicone Liggieri, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica tudo para a gente.

Faltam algumas semanas para a Gabi poder jogar queimada de novo - Karime Xavier/Folhapress

Quantos ossos a gente tem?

Nós temos no corpo humano um total de 206 ossos, mas esse número é variável porque, às vezes, nós nascemos com mais ossos e vamos perdendo esses ossos ao longo da vida. Quando nascemos, nós temos na verdade uma série de cartilagens que vão se tornando ossos ao longo do nosso crescimento.

Qual é o menor e qual é o maior deles?

Os três menores ossos que nós temos ficam dentro da orelha —pois é, dentro da orelha também tem osso. Eles são o estribo, a bigorna e o martelo. E o maior osso do corpo humano é o fêmur, que fica na nossa coxa. Esse costuma ser o osso mais forte do corpo humano porque é um dos que mais aguentam o nosso peso, a nossa carne.

Do que são feitos os ossos?

Eles são feitos de duas porções: uma de dentro, que é composta basicamente de uma gordura, gordura esta que produz boa parte do nosso sangue, e que nós chamamos de medula óssea; e uma porção fora da medula que é bem dura, a parte resistente do osso, que é composta de uma série de células e algumas substâncias, entre elas algumas que têm cálcio.

Por isso que os adultos falam que a gente tem que tomar leite, é por causa do cálcio dos ossos?

O leite é um alimento rico em cálcio, mas não é todo mundo que tem que tomar leite. Quem não gosta de leite pode comer outros alimentos que possuam cálcio também, como, por exemplo, o grão de bico, as castanhas, as verduras escuras como o brócolis, entre outros. Até mesmo a sardinha tem cálcio.

A gente já nasce com todos os ossos que vai ter para sempre?

Quando nascemos, já temos muitas cartilagens que vão virar osso. Então, enquanto vamos ficando mais velhos e nos tornando adultos, nós temos alguns ossos que vão aparecendo. No pé, por exemplo, temos um número muito grande de ossos que vão aparecendo conforme nós crescemos. Na mão a mesma coisa. Para se ter uma ideia, nossos ossos às vezes crescem até os 20 anos de idade, ou seja, mesmo depois de nos tornarmos adultos ainda existem ossos que estão se formando no nosso corpo.

E o que são os ligamentos?

São estruturas que servem para juntar dois ossos. Os nossos ossos se ligam uns aos outros por estas estruturas, que parecem uns elásticos. Eles são feitos de uma proteína elástica chamada colágeno. Essa proteína tem a capacidade de se esticar inteira e depois voltar ao seu tamanho normal. Isso quando não exageramos nos movimentos. Porque, quando fazemos movimentos muito esquisitos, esses elásticos podem se romper e se machucar. Aí, o corpo vai precisar de repouso e às vezes de proteção para poder se consertar.

E quando a gente quebra um osso ou estraga um ligamento, como é que os médicos conseguem consertá-lo?

O corpo humano consegue consertar a maioria dos ligamentos sozinho, apenas como o tratamento que o médico ajuda a fazer, seja com imobilização ou com a cirurgia, que às vezes é preciso fazer para reconstruir ou reparar. Em relação aos ossos, tem alguns que são mais difíceis de consertar. Primeiro, precisa deixar o osso bem alinhadinho, para nenhum ficar torto, igual ao que a gente faz com as árvores, para elas crescerem corretamente. Assim, devagarzinho, ele vai colar. Os ossos mais difíceis de consertar são aqueles em que é mais difícil de chegar o sangue —sim, o osso é uma estrutura viva e suas células precisam de sangue para fazer suas atividades e construir uma casca bem dura e a gente poder brincar bastante.


Em livro, menina fica chocada ao saber que tem ossos no corpo

Samira estava tendo um dia normal na escola até que a professora resolveu revelar algo chocante: todo mundo tem um esqueleto dentro do corpo. A vida da menina, então, vira de crânio para baixo e fêmur para cima, afinal, como é que ela vai continuar se comportando normalmente sabendo que tem um monte de ossinhos debaixo da pele? Impossível.

Este é o começo da história de "Samira e os Esqueletos", livro que a editora Brinque Book acaba de lançar. Como é uma ficção, tudo pode acontecer nela, e é assim que Samira decide que não quer nem mais brincar com sua melhor amiga, nem abraçar a própria mãe —as duas também têm ossos por dentro, eca.

Imagem do livro 'Samira e os Esqueletos', da editora Brinque Book - Divulgação

E Samira vai ainda mais longe: a partir de agora, ela não quer mais ser uma menina com ossos, então vai pedir ajuda para tirar de dentro de aquele imenso problema.

Além do ótimo texto, traduzido para o português por Kristin Lie Garrubo, o livro também tem ilustrações muito engraçadas (e também fofas) da própria autora, a norueguesa Camilla Kuhn.

As melhores são depois que Samira descobre a verdade sobre os ossos e passa, então, a enxergar todo mundo como esqueletinhos ambulantes. É como se diz na internet: depois dessa informação, fica impossível "desver" o corpo humano como ele realmente é.

Samira e os Esqueletos

  • Preço R$ 49,90 (36 páginas)
  • Autor Camilla Kuhr
  • Editora Brinque Book

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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