'Tinha um monte de gente me seguindo', lembra Pedro Vinicio, desenhista que viralizou nas redes

Jovem de 16 anos começou a produzir na pandemia e ficou famoso da noite para o dia

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São Paulo

Numa sexta-feira à tarde, Pedro Vinicio resolveu tirar um cochilo. Quando ele fechou os olhos, ainda era só mais um menino estudante de Garanhuns, uma cidade em Pernambuco. Quando ele acordou, lá pelas cinco da tarde, muita coisa estava diferente.

"Tinha um monte de gente me seguindo na internet", conta Pedro, 16 anos, dono do @pedrovinicio80. "Olhei e tinha 5.000 seguidores, aí já foi de repente pra 10 mil, na parte da noite estava com 19 mil e, no outro dia, tinha 5 jornalistas me ligando me pedindo entrevista."

Pedro tinha se tornado conhecido por causa dos desenhos que começou a fazer durante a pandemia, sempre à tarde, depois de terminar as lições da escola. No seu estilo de criação, quase sempre há um ou outro personagem no cenário, bem como uma frase engraçada.

E, nessa frase engraçada —que pode ser sobre assuntos como guardar um pedacinho de pastel para comer mais tarde, sobre uma tristeza, sobre preguiça— há quase sempre uma rasurinha. Como se Pedro tivesse escrito alguma coisa, se arrependido e rabiscado por cima em vez de apagar.

Um dos desenhos de Pedro Vinicio - Reprodução

"Isso começou quando eu tava fazendo minha prova na escola, e eu fui inventar de escrever de caneta, errei tanto e, quando vi, tinha mais rabisco do que escrita, ou acerto. Aí, desenhando no celular e no computador, errei, risquei, gostei", conta Pedro, sobre seu processo criativo.

Hoje em dia, a rasura nos desenhos "é de propósito e é sem querer", ele diz. E Pedro desenha muito, e muito rápido, então é rasurinha atrás de rasurinha —imagine que, só em uma tarde, ele produz 4 desenhos.

"Desenho em qualquer lugar, mas gosto mesmo no celular, porque a tela é menor e faço mais rápido", explica. Além dos desenhos famosos na internet, Pedro também pinta aquarelas, que não posta porque acha que não é muito a cara do que seu público espera dele.

Pedro Vinicio mora com a mãe, o pai e a irmã. Ele estuda no nono ano. "Eu repeti no segundo ano do fundamental porque eu só desenhava. Só tinha desenho no caderno. Minha mãe reclamava, me tirava da escola, me botava em outra", lembra.

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Um dos desenhos com tema preguiça (quem nunca?) - Reprodução/Pedro Vinicio

Ele diz que, embora seus desenhos tenham sempre frases bem-humoradas, ele não é um cara muito popular pelas piadas no colégio. "Lá eu sou tímido. A professora nem sabia que eu desenhava e que eu era meio que famoso. Um dia, chegaram e disseram, e ela pediu pra tirar foto. Eu só sou engraçado quando tô conversando com meus amigos."

Quando crescer, ele pensa em continuar fazendo arte, e também fazer faculdade de cinema. "Vou querer ser cineasta, diretor", planeja Pedro, que hoje faz ilustrações para a apresentadora Angélica, e tem desenhos em camisetas da marca El Cabritón.

"Também vendo alguns originais. Vendi um pro Zeca Camargo [colunista aqui da Folha e apresentador na Band]. Mas eu tenho preguiça de vender", confessa.

Mas Pedro Vinicio vem tentando se organizar na vida, seja para ser um melhor estudante, seja para ser um melhor homem de negócios. Ele lembra, por exemplo, que não tem muito tempo que derramou água no computador, sem querer, e perdeu vários de seus desenhos, mas que isso não deve acontecer de novo.

Para isso, atualmente, Pedro tem até uma assistente que ajuda a responder e-mails, analisa propostas etc. O nome dela é Marilia, tem 22 anos, e, só por acaso, é irmã de Pedro.

Assim como ele, Marilia também desenha. Aliás, nessa casa, não tem ninguém que não curta soltar a criatividade: o pai e a mãe dos dois também desenham.

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