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É possível prever o futuro? Cientistas e místicos respondem

Oráculos, matemático e meteorologista contam como se relacionam com as previsões do que ainda está por vir

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São Paulo

Miguel, 12 anos, estava batendo cards com os amigos na escola em São Bernardo do Campo quando um outro grupo de meninos avisou: "Vai rolar bolão da Copa". O prêmio para quem acertar o grande vencedor da competição é um combo de R$ 2 e um refrigerante Dolly.

"Coloquei que o Brasil ia ganhar e em segundo vai ficar Portugal, por causa do meu ídolo Cristiano Ronaldo", adianta Miguel. Para ele, bolões da Copa são uma forma de tentar prever o futuro, assim como se faz com as bolas de cristal nas histórias de fantasia.

Miguel, 12 anos, participou de um bolão da Copa na sua escola - Zanone Fraissat/Folhapress

A má notícia é que, na prática, não é possível adivinhar os acontecimentos que ainda virão. "Nem a matemática, nem nenhuma obra humana consegue [fazer isso]", avisa Roberto Imbuzeiro, pesquisador do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada).

Parece, no entanto, que dá para dar um jeitinho nessa regra, quase como um drible de craque no adversário. "Com a matemática, a gente consegue encontrar padrões e dizer o que vai acontecer caso as coisas continuem como elas são", explica.

"Quando as pessoas fazem os bolões da Copa, por exemplo, é sempre baseado na performance histórica dos times, se ele é bom de defesa, de ataque, em quais jogadores vão entrar, quais estão machucados etc."

Tem a ver com probabilidade, que é uma área da matemática que, como diz Roberto, é usada para "quantificar o acaso". "A gente não dá certeza, mas dá uma probabilidade. O acaso, apesar de parecer uma coisa caótica, tem uma estrutura por trás."

Probabilidade Folhinha
Dados ilustram a probabilidade na matemática - Catarina Pignato

Outra ciência que chega bem perto de adivinhar o futuro é a meteorologia. Sabe quando os adultos consultam a previsão do tempo antes de sair de casa? Pois aquilo ali é, de certa forma, uma antecipação dos dias que ainda vão acontecer.

"A meteorologia prevê o futuro da atmosfera. Dá até para dizer que a meteorologia prevê o futuro da vida no nosso planeta", diz Josélia Pegorim, técnica na Climatempo. "Quando o meteorologista faz a previsão do tempo e do clima, ele está prevendo se vai chover ou se vai fazer sol, se vai esfriar ou esquentar. Essas informações ajudam as pessoas a viver melhor."

E isso se reflete em coisas simples, desde a decisão de levar um casaco na mochila da escola para não passar frio no fim de tarde, até o planejamento dos agricultores sobre quando plantar suas sementes ou o do presidente de um país, que não pode deixar faltar água nem energia para sua população.

Para fazer esse trabalho, os meteorologistas usam instrumentos que medem a temperatura, o vento, a umidade no ar e a pressão atmosférica. Eles ficam espalhados por todo o planeta, na cidade, na floresta, no campo e também sobre o mar. Tem até um satélite meteorológico, que fica no espaço e também faz muitas medições.

"Os meteorologistas colocam todas essas informações dos instrumentos nos computadores, fazem milhões de cálculos e podem desenhar mapas e gráficos. Depois, analisam estes gráficos e mapas e conseguem fazer a previsão", conta Josélia.

Fora das ciências, há também outras formas de tentar saber antes das coisas. A astrologia é uma delas —sabe quando se fala sobre os signos das pessoas e o que o horóscopo delas diz? Entre os anos 1503 e 1566 viveu na França um astrólogo famoso chamado Nostradamus, e as coisas que ele disse ter previsto sobre o futuro são debatidas até hoje.

O médico e astrólogo francês Nostradamus, que escrevia profecias anualmente - Divulgação

Ele escrevia anualmente almanaques com milhares de profecias, e depois publicou ainda mais outras em livros. Dizia que se baseava nos astros para adivinhar as coisas, e sabe-se que ele também leu muitos escritos de pessoas que faziam algo parecido e que viveram antes dele.

Entre as supostas profecias de Nostradamus estariam a previsão da Revolução Francesa, o surgimento de Napoleão Bonaparte e de Adolf Hitler, as bombas de Hiroshima e Nagasaki, e até a morte da princesa Diana e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

"Se dá para prever o futuro? Essa pergunta divide muito as opiniões. Eu pessoalmente acho que dá, porque o futuro não é uma coisa aleatória que vem do nada, existe uma lógica mínima", opina Alisson Louback, que, além de artista visual e terapeuta, trabalha também jogando tarô.

O tarô é um baralho de cartas com símbolos e figuras que servem para tentar se comunicar com divindades para, entre outras coisas, saber o que elas guardam para o futuro. Tem tarô de vários tipos: cigano, de Marselha, do Osho etc.

Eles costumam vir acompanhados de um livro com os significados de cada carta, que ajudam quem está conduzindo a consulta a interpretá-las.

"Quem pede o jogo e faz as perguntas tem que ter um mínimo de confiança na pessoa que coloca as cartas", explica Alisson. É comum que os tarólogos cobrem um valor pela consulta, e que varia de acordo com o que cada um considera justo.

Os jogos de búzios, outra forma de oráculo, também costumam ser cobrados, como ensina Mãe Bernadete de Oxóssi, Yialorixá do Ylê Axé Odé Omi Ewa em Ilhéus, na Bahia. "É um serviço prestado por alguém que dispõe do seu tempo, do seu corpo, do seu desenvolvimento para prestar um serviço. Portanto, ele deve ser recompensado."

Os búzios são conchas como as do mar que, como dados, são balançados nas mãos e então dispostos em uma espécie de tabuleiro, para serem "lidos" pelo sacerdote. "Essa prática exige uma iniciação, ou seja, nem todos estão aptos a praticar o jogo de búzios", diz Mãe Bernardete.

Qualquer pessoa pode encomendar um jogo, no entanto, e fazer as perguntas que deseja sobre o que ainda não aconteceu. "É possível saber os caminhos para se preparar para o futuro, se fortalecer para ir buscar aquilo que se quer, desde que não seja o impossível."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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