São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 2003

A diversidade dos trajes africanos

LANE FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHINHA

O continente africano possui uma grande variedade de línguas, costumes e religiões. Trajes, pinturas corporais, tecidos e os adornos são marcas da identidade de cada grupo.
Existem vários estilos de trajes usados na África. Túnicas, turbantes, tecidos floridos e coloridos, chapéus, lenços e véus, fazem parte do vestuário.
Alguns grupos são nômades, usam pinturas corporais e contas nos cabelos. Geralmente as pinturas são usadas em cerimônias, para enfeitar o corpo ou para exibir o estilo de sua tribo.
Em algumas regiões africanas, os tecidos são pouco variados, mas podem ser bastante elaborados. Os povos usam peles de animais, materiais como penas e ossos, cores variadas (vermelho, marrom, amarelo, azul) e adornos (colares, pulseiras, tornozeleiras, brincos).


Hena nas mãos e nos pés
No nordeste da África, as mulheres Rashaida, que habitam a Somália, vestem-se de véus e túnicas devido à influência muçulmana. Elas usam delicadas jóias de prata e no rosto véus bordados elaboradamente. A pintura em hena decora mãos e pés. Esse tipo de pintura decorativa é difundida na África e na Índia.

Colares de contas
Ao leste da África, no Quênia, as várias tribos existentes demonstram uma variedade de estilos e de materiais. Pelagem de animais, couro e penas adornam seus trajes.
As mulheres Masai vivem no Quênia. Elas fazem suas roupas e seus tecidos, enfeitam seus colares e seus aventais. Os homens vestem-se com pele de animais fina e macia, com couro e com saias feitas de fibras.
Na tribo Samburu, parentes dos Masai, as mulheres vestem-se com tradicionais colares feitos de contas, também usados pelas integrantes das tribos Rendille. O número de colares que usam indica sua posição social no grupo.

Plumas na cabeça
Boa parte do povo Zulu trabalha na agricultura. Os homens vestem-se como leões em guerra. Em casamentos e em outras cerimônias, adornam-se com apoios de plumas na cabeça, amarrações nas pernas, braçadeiras, escudos, lanças e bengalas. As roupas feitas de pele de leopardo são usadas apenas pelos chefes Zulu. O chefe conselheiro também podem usar uma faixa de pele de leopardo na cabeça.
Os curandeiros Zulu de ambos os sexos enfeitam-se com contas, tiras de pele e penas de aves vermelhas na cabeça.
Cada clã tem sua própria forma de decoração. Algumas mulheres desse povo usam anéis no pescoço para alongá-los.

Noivas cheias de jóias
No norte da África, os nômades Berber, que habitam o deserto do Marrocos, da Nigéria, da Tunísia, do Líbano e do Egito, vestem-se com túnicas e turbantes.
Os Berber que vivem em Chenini, no sul da Tunísia, possuem um estilo diferente, usam uma toga (traje usado pelos romanos na Antigüidade) e um headgear.
As mulheres Berber de Marrakech, cidade do Marrocos, usam véus cobrindo a metade do rosto, lenços na cabeça e mantos -assim como em muitos países muçulmanos.
Quando casam, as noivas em Marrakech enfeitam-se com esplendor e vestem-se com mantos ricamente bordados e com colares de ouro e pedras preciosas, jóias que fazem parte de seu dote. O traje de casamento é tecido com fios de ouro. A maquiagem da noiva é feita à base de hena e usada nas mãos e nos pés.

Túnicas e turbantes
Os Berber Bedouin que vieram da Mauritânia usam trajes que indicam um estilo clássico: o tecido branco drapeado é usado como uma túnica simples, contrastando com os turbantes azul escuro.

Jóias como dote
Tuareg e Fulani são os principais povos nômades da região do Sahel, no deserto do Sahara.
As mulheres Tuareg da Nigéria vestem-se com túnicas e são envolvidas com tecidos tradicionais tingidos de azul escuro.
As jóias de prata são usadas como adorno e fazem parte do dote da noiva. Os ornamentos são importantes tanto na península Arábica quanto no norte e no oeste da África.

Batique africano
No oeste africano, os homens vestem túnicas largas. Às vezes, a túnica é usada aberta dos lados.
Em Burkina Fasso, no oeste africano, existem vários tipos de tecidos pintados com a técnica de batique e usados em roupas feitas de modo simples. O batique é um tipo de pintura que veio da Indonésia e na qual usa-se cera e pigmentos para desenhar e tigir os tecidos.
O uso de estampas com propagandas políticas, eventos comemorativos, frases populares pintadas ou imagens da televisão também é comum nos tecidos.

Vestidos com babados
No sul da África, as mulheres do povo de Himba do norte da Namíbia usam saias feitas de pele de animais, adereços (ossos e contas, por exemplo) nos braços e nos tornozelos.
Esse grupo vive perto do povo Herero, mas possui características diferentes. Adaptados com os missionários alemães, o povo Herero veste-se com roupas do século 19. As mangas fofas e longas dos vestidos são enfeitadas de babados, e os chapéus em forma de chifres são símbolos de sua identidade.

Lane Fernandes é designer de moda.

Fonte: o livro "Ethic Dress - A Comprehensive Guide to the Folk Costume of the World", de Frances Kennet.

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