Preste atenção: suas roupas estão contando histórias

LAIS FONTENELLE PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando eu tinha cinco anos, queria fazer seis. Quer saber por quê? Porque ia usar na minha festa de aniversário o vestido amarelo que minha irmã mais velha usou quando fez seis anos. Vestido amarelo com flores azuis. Lindo!
Tinha certeza de que, no momento em que colocasse aquele belo vestido, meu primeiro dente cairia como o de minha irmã já tinha caído, aprenderia a andar de bicicleta sem rodinhas e fazer bola de chiclete.
Os vestidos das meninas de minha família eram circulantes, brincavam de roda! Ou seja, todas as primas e irmãs usavam os mesmos vestidos nos aniversários. Eles eram heranças de família, e essa era a graça.
Nos aniversários não queríamos vestidos novos -e sim vestidos antigos-, mas que contavam histórias de outras meninas, de outros aniversários e de outras conquistas.
Roupas contam histórias, e, por isso, é interessante que você doe, reinvente e cuide de suas roupas para que amigos, irmãos mais novos ou primos possam reaproveitar suas roupas e aprender com elas, assim como Manoela e Eduarda.

Lais Fontenelle Pereira, 30, é mestre em psicologia clínica pela PUC-Rio e é responsável pela área de educação e pesquisa do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana.

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