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COM FOME
Menino ouve a barriga roncar
"Em casa não tem nem pão nem leite para enganar a fome", diz mãe de Mayara; problema aflige 19% das crianças
LUCRECIA ZAPPI
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHINHA
Ao escutar a própria barriga roncar de fome, Júnior, 11, que vende balas no sinal e não sabe seu nome completo, diz: "Engulo a
fome". À noite, em casa, que
ele define como um "barraco
sem tijolo", come pão ou feijão com farinha, quando tem.
Quem come todos os dias
uma comida sem vitaminas e
nutrientes passa fome, mesmo que tenha a sensação de
barriga cheia. Segundo o Datafolha, duas em cada dez
crianças paulistanas acham
que esse é o maior problema
que as crianças enfrentam. Os
alunos das escolas particulares se preocupam mais com a
fome (23%) do que os das escolas públicas (19%).
Fome tem a ver com quantidade e qualidade. Mesmo que
não haja uma estatística exata
sobre fome. O que se faz é usar
outros números, como os que
indicam a renda familiar, para
tentar saber quem passa fome
no Brasil. Existem vários estudos que medem o nível de pobreza. Os números variam de
44 milhões de pessoas a 53 milhões de pessoas.
Cratera
Ao sul de São Paulo, existe
há cerca de 20 milhões de
anos uma cratera, criada
quando um meteoro caiu.
Dentro dela, moram 35 mil
pessoas, cercadas pela pobreza e pela represa Billings, que
está suja. Na cratera, chamada
de Vargem Grande, 70% são
desempregados. Eles circulam pelas ruas sem asfalto e
jogam bola ou pebolim. Lá, há
creche e escola, onde muitas
crianças vão só para comer.
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