São Paulo, sábado, 6 de setembro de 2003

COM FOME

Menino ouve a barriga roncar

"Em casa não tem nem pão nem leite para enganar a fome", diz mãe de Mayara; problema aflige 19% das crianças

LUCRECIA ZAPPI
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHINHA

Ao escutar a própria barriga roncar de fome, Júnior, 11, que vende balas no sinal e não sabe seu nome completo, diz: "Engulo a fome". À noite, em casa, que ele define como um "barraco sem tijolo", come pão ou feijão com farinha, quando tem.
Quem come todos os dias uma comida sem vitaminas e nutrientes passa fome, mesmo que tenha a sensação de barriga cheia. Segundo o Datafolha, duas em cada dez crianças paulistanas acham que esse é o maior problema que as crianças enfrentam. Os alunos das escolas particulares se preocupam mais com a fome (23%) do que os das escolas públicas (19%).
Fome tem a ver com quantidade e qualidade. Mesmo que não haja uma estatística exata sobre fome. O que se faz é usar outros números, como os que indicam a renda familiar, para tentar saber quem passa fome no Brasil. Existem vários estudos que medem o nível de pobreza. Os números variam de 44 milhões de pessoas a 53 milhões de pessoas.

Cratera
Ao sul de São Paulo, existe há cerca de 20 milhões de anos uma cratera, criada quando um meteoro caiu. Dentro dela, moram 35 mil pessoas, cercadas pela pobreza e pela represa Billings, que está suja. Na cratera, chamada de Vargem Grande, 70% são desempregados. Eles circulam pelas ruas sem asfalto e jogam bola ou pebolim. Lá, há creche e escola, onde muitas crianças vão só para comer.

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