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VIOLÊNCIA
Cidade é filme de bangue-bangue
Quem mora perto das represas de São Paulo conta como convive com a violência, que preocupa 13% das crianças
LUCRECIA ZAPPI
FREE-LANCE PARA A FOLHINHA
"Quando ouço tiros,
eu me escondo no
quarto da minha
mãe, tranco a porta e assisto à
TV com o volume bem alto",
diz Mateus Luan, 12, que mora na Cidade Dutra, distrito
no extremo sul de São Paulo.
Na pesquisa do Datafolha,
13% das crianças de São Paulo
estão alertas à crescente violência na cidade, que parece
um forte apache de muros altos, condomínios fechados,
grades e câmeras de vídeo: a
preocupação com a falta de
segurança é maior entre alunos das escolas particulares
(15%) do que entre alunos das
escolas públicas (12%). Mas é
nos bairros mais afastados,
porém, que há mais violência
e crianças sem proteção.
Parece filme de bangue-bangue. Na rua, elas têm medo de
tiroteio e, em casa, não escapam do barulho das balas a
toda hora. "Eu abraço o meu
irmão", diz Fabiana da Silva,
8. Nas festas juninas e no Natal, muitos têm medo de sair à
rua, "porque os caras dão tiro
para o alto e põem o revólver
na cabeça das crianças para se
mostrar", diz Mateus.
"Por ser área de mananciais,
há muitas restrições de construção. As pessoas que estão
nesses lugares têm de andar
muito para conseguir algum
benefício, como escolas ou
hospitais", diz Dirce Koga,
uma das pesquisadoras do
Mapa da Exclusão da PUC.
O problema de exclusão,
que causa a violência, segundo Koga, concentra-se em torno de represas como a Guarapiranga e a Billings, no sul da
cidade. Só nessa área existem
cerca de 300 favelas.
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