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O nariz de Isabellinha Ana Miranda O poema abaixo narra a história da Proclamação da República, em 1889. Traz vários personagens. Entre eles, Isabella, ou Isabellinha, como a princesa Isabel era chamada pela mãe. Dom Pedro era imperador Tão bonito, barba branca Com rico manto dourado E a imperatriz, tão feinha! A princesa era Isabel E ela seria um dia a rainha Dançava de festa em festa Uma boa bailarina Conde d'Eu, conde de Tu Conde de Vós, conde d'Eles. Ó barão de Cotegipe Pisaram no calo de Deodoro, o marechal O calo dói no teu pé Não, ele dói no teu Quem pisou no calo dele? Quem pisou no calo meu? Vou quebrar a tua espada Vou quebrar tua coroa Fora rei, fora rainha A Monarquia não é boa Os soldados, generais Cansados da Monarquia Gritavam, Fora o rei! Fora o rei! Fora a rainha! Os clubes e os jornais Fora rei! Fora rainha! E Rui Barbosa, em gravata, Discursava bem assim: Pundonoroso varão Deprecado vilipêndio República, por que não? Por conseguinte... Acabada a escravidão Os fazendeiros gritavam Zangados, fora o rei! Viva a República! E abaixo a Monarquia! O rei mandou Dinheiro para os pobres Dinheiro para flagelados Dinheiro para colonos Dinheiro para fazendeiros Agora você é barão Agora você é conde Agora você é marquês Daonde? Daonde? Da cozinha Obrigado, rei. Viva o rei! Viva a rainha! Tirem o boné! Deixem o boné! O rei está deitado O rei está de pé O rei está bailando E a princesa a bailar O Ministério bailando E os condes a dançar Guarda Nacional bailando Só não baila o general: Baile da Ilha Fiscal Majestade, meu esposo, Disse a imperatriz Havemos de ter República Por causa daquele nariz De nossa filha Isabella Que é tão bela Fora o rei Fora o real Que vá bailar Em Portugal Camaradas! Camaradas! A opressão é um crime! Disse em brados altos O capitão-de-artilharia Fora rei! Fora rainha! Vamos à Praia Vermelha Todos ao Arsenal! E ao quartel-general! Ao Campo da Aclamação! Abrir caminho às estrelas Com a ponta de nossa espada. Viva a Revolução! E o povo: Fora rei! Fora rei, fora rainha! O rei estava bem calmo: Isto não há de ser nada Amanhã é outro dia Isso é brasileirada! Majestade, fuja logo A Revolução chegou Acabou-se a Monarquia A República estourou O palácio está cercado Guaraná, ó Guaraná Quem é que é a alma Deste golpe popular? Deodoro e Benjamim. E o povo que tem raiva. Disse o rei, encalacrado: Farei novo Ministério Chamai o Saraiva! Muito tarde! Muito tarde! Fora o rei! Fora a rainha! Atenção, concidadãos Agora somos República O vapor já vai partir E dona Isabel chorava Os senhores estão doidos? Não deixai cair ao mar O meu papai! Zarpou o paquete Levando a Monarquia Não lhe dizia, senhor meu esposo? Temos República Por causa do nariz De nossa Isabellinha, Disse a rainha Sobre as autoras Ana Miranda é escritora, avó do Raphael, 7, e do Gabriel, 3. Escreveu os infantis "Flor do Cerrado: Brasília" e "Lig e o Gato de Rabo Complicado" (Companhia das Letrinhas). Graça Lima já ilustrou dezenas de livros para crianças e é autora de "Sai da Lama, Jacaré". Mora no Rio de Janeiro, em frente ao palácio onde viveu a princesa Isabel. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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