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Farra de pijama
Algumas crianças ficam de fora dessa festa porque não conseguem dormir longe dos pais ou do seu cantinho
PAULA NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ritual da hora de dormir
você já está cansado de repetir. Veste o pijama, escova
os dentes, dá um beijo de
boa-noite nos seus pais.
Peraí! E quando, em vez
de um beijo de boa-noite,
você dá um tchau para eles?
Dormir fora de casa é
um ótimo jeito de poder
brincar até tarde com seus
amigos. Mas, para algumas
crianças, essa idéia está
mais para pesadelo.
Nicolas Ferreira, 10, já
dormiu longe de seu quarto
duas vezes, uma delas na escola. "Não gostei. Na escola,
só consegui dormir porque
fiquei pensando nos meus
pais até cair no sono."
Vinícius Estevam Portela,
8, acha difícil abandonar sua
cama. Ele até vai dormir na
casa de amigos com o irmão
Mateus, 10. Só que sempre
se arrepende e liga para sua
mãe ir buscá-lo. "Até consigo ficar um pouco, mas depois volto correndo", conta.
Tudo tem seu tempo
Quando trocamos uma
coisa com a qual já estamos
acostumados por algo desconhecido, é normal sentir
medo, afirma a psicóloga
Maria Renata Coelho Machado, professora da Faculdade Mackenzie. "Mas, se a
gente fica só naquilo que já
conhece, a vida perde toda a
graça", explica.
Tem até quem nem chegue a ir à casa dos amigos,
como Hinara Alves de Maio,
8. "Não tenho vontade de
dormir fora, já me convidaram, eu é que nunca quis."
Hinara só consegue fechar os olhos com a luz do
quarto acesa e tem um amuleto para ter bons sonhos:
seu ursinho de pelúcia.
Já Beatriz Multari, 8, tem
se esforçado para passar
uma noite inteira na casa de
suas amigas. Na sua última
tentativa, brincou, jantou
e... voltou para casa, de pijama e tênis. "Vou tentar de
novo nestas férias", fala.
É assim mesmo, cada
criança tem seu tempo.
"Basta esperar um pouco e
se acalmar. Aí vem a curiosidade, e passamos a querer
saber o que existe de novidade no lugar em que estamos", ensina a pedagoga
Andréa Cardozo Canto.
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