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São Paulo, sábado, 18 de junho de 2005

MINICONTO

Das coisas difíceis

Comer só um pedaço de chocolate, esperar todos aqueles minutos pra entrar na piscina depois de almoçar, ir só uma vez na montanha-russa. Essas coisas são difíceis, mas a gente consegue. É um difícil-médio.

Também tem o difícil dificílimo: espirrar sem fechar os olhos. Impossível não é. Mas acontece que espirro é o tipo de coisa que sempre vem de repente e aí, pronto, quando o espirro sai, o olho já fechou. Com bocejo é igual. É muuuuuito difícil ficar de boca fechada se alguém está bocejando do lado. Já tentou?
O difícil que pega a gente desprevenido é o pior. Teste-surpresa no meio da aula, por exemplo. Se for de matemática, a palavra DIFÍCIL até pisca, com todas as letras enormes.
E tem o difícil-quem-sabe: pedir gibi ou joguinho de computador pra mãe um dia depois do aniversário. Dá pra arriscar, mas vai ser bem difícil ganhar outro presente tão rápido...

Cada difícil tem o seu grau de dificuldade. Outro dia descobri que também existe o difícil-fácil. De verdade é um fácil disfarçado de difícil. Amarrar o tênis é o fácil com mais pinta de difícil que eu conheço, mas tem um monte de coisas assim: andar de bicicleta, pular corda cruzada, ler um livro de trocentas páginas. É só pegar o jeito. Daí vira uma moleza.

Silvana Tavano, 47, publicou "Creuza em Crise -- 4 Histórias de Uma Bruxa
Atrapalhada" (Companhia das Letrinhas)e prepara o lançamento de "O Mistério da Gaveta" (Saraiva)para o segundo semestre.


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