São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

Zona Leste tem a 'rua dos pipas'

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem mora em São Paulo chama a pipa, palavra feminina, de o pipa. Na rua Licânia (zona leste da capital), crianças e adultos brincam e competem juntos.
Lucas Oliveira, 13, acorda cedo para brincar. "Fico olhando. Quando tem pipas, coloco o meu no ar. Frio, calor, não tem hora", conta.
O melhor, diz, "é cortar". Ele desce a própria pipa para pegar a do oponente por baixo. "Agora estou indo embora do [Marcelo Damasceno] Júnior", diz, evitando derrubar a do amigo.
Levi, 12, irmão de Guilherme, também gosta de cortar. "Agora estou dando linha para subir mais", explica. E quando a pipa pega no poste? "Estoura a linha."
O maior "pipeiro" da rua é Felipe Barbosa, 14. Com movimentos rápidos, seus braços se agitam em ziguezague para embicar, desbicar, cortar, totear ou dar relo. "A minha é de 50 [centavos]. Não uso cortante, pode matar motoqueiro", conta.
Considerado o rei das pipas na rua Licânia, Marcelo Damasceno, 37, explica que cada pessoa tem uma técnica de brincar e de cortar e que há quem fique um ano inteiro com uma única pipa.
Ele usava outro cortante quando criança, pó de ferro. "Quando o pipa é taiado [cortado], ele vai com a linha, então aquilo enroscava no fio, e a pessoa que pegava recebia a descarga elétrica."
Embora o cerol tenha tradição, ele é proibido. Mas dá para brincar sem ele: "A pipa corta de acordo com a velocidade, e a dica é entrar contra o vento". (MRC)

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