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São Paulo, sábado, 22 de maio de 2004

CIÊNCIA

BALEIAS AJUDAM A PROTEGER OS MARES

Enrico Marone
Pesquisador usa vara para colocar na baleia o radiotransmissor em forma de piercing que depois de colocado, sinaliza todos os caminhos da baleia pelos mares


CAMILA VINHAS
FREE-LANCE PARA A FOLHINHA

Agora as baleias usam piercing. Pela primeira vez, pesquisadores brasileiros descobrem trajetórias das viagens (migrações) das baleias pelos mares. O piercing, que foi colocado em 11 baleias-jubartes no Espírito Santo, serve para os cientistas seguirem as viagens desses cetáceos.
Eles descobriram que as baleias não viajam juntas e para a Antártica, como pensavam antes. Elas realizam sua rota marítima muitas vezes individualmente e vão para ilhas a cerca de 2.000 mil quilômetros do continente antártico. O piercing faz parte do projeto Telemetria por Satélite, de outubro de 2003, que pôs um radiotransmissor parecido com um piercing nas baleias.
Quando uma baleia sobe à superfície para respirar, o rádio transmite sinais sobre sua localização. Eles são captados pelos satélites, que enviam as informações para os pesquisadores.
"É a primeira vez que monitoramos a rota de baleias", disse Alexandre Zerbini, 33, oceanógrafo que faz doutorado na School of Aquatic and Fishery Sciences da Universidade de Washington (Seattle, EUA). Zerbini é o primeiro membro brasileiro da Comissão Internacional Baleeira. Com a pesquisa do radiopiercing, os cientistas descobriram que essas baleias passam o outono e o inverno nos trópicos, como ocorre no litoral do Espírito Santo e no do Rio de Janeiro. No verão e na primavera, elas também vão para as ilhas Geórgia do Sul e Sanduíche do Sul comer krill. Essas ilhas estão a cerca de 2.000 km da Antártica e sob a jurisdição do governo inglês.
"Percebemos que machos e fêmeas jovens, que não estão se reproduzindo, saem primeiro. Marcamos um macho em outubro e no mesmo mês ele saiu do Brasil e chegou a Geórgia do Sul em dezembro. Uma fêmea com filhote foi marcada em outubro de 2003, saiu do Brasil em dezembro e chegou em fevereiro de 2004 à ilha", disse Zerbini.
Quando migram, esses mamíferos nadam a cerca de cinco km/h. Quando estão se alimentando ou em áreas de reprodução, nadam a um km/h.

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