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São Paulo, sábado, 25 de março de 2006

CINEMA

Os bichos que fizeram o sucesso de "A Era do Gelo" estão de volta na seqüência da animação, que estréia na próxima sexta

Lá vem a turma do gelo

CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

Foi um longo inverno, mas eles estão de volta. Estréia na semana que vem "A Era do Gelo 2", continuação das aventuras do trio de heróis pré-históricos Sid (a preguiça), Manny (o mamute) e Diego (o tigre dente-de-sabre).
Desta vez, os três precisam salvar os bichos da Era do Gelo de um novo perigo: o aquecimento global, que está derretendo as geleiras e deixando maluco o clima do lugar onde vivem. No caminho, predadores terríveis e abutres famintos, que torcem para que todo mundo morra para eles poderem fazer um rango legal.
De quebra, precisam arrumar uma namorada para Manny, que aparentemente é o último dos mamutes (a candidata a namorada até aparece, mas tem um problema: ela acha que é um gambá).
Por trás de todas as piadas -a continuação é mais engraçada que o primeiro filme, e sem humanos por perto para atrapalhar os bichos-, "A Era do Gelo 2" esconde uma grande tragédia: foi durante o tal "aquecimento global" daquele período que a maior parte dos animais que aparece no filme foram extintos.
Esses bichos, como os mamutes, os dentes-de-sabre, os gliptodontes (imensos primos do tatu) e as macrauquênias (um animal que parece um camelo com tromba), são conhecidos como megafauna do Pleistoceno. A palavra megafauna significa "animais grandes". Pleistoceno é como os cientistas chamam a Era do Gelo, que começou há cerca de 1,8 milhão de anos e acabou entre 12 mil e 10 mil anos atrás.
Durante o Pleistoceno, boa parte das terras do hemisfério Norte foi coberta por gelo quatro vezes. Cada ciclo é chamado de glaciação. O fim da última glaciação, há cerca de 10 mil anos, coincidiu com o fim da megafauna nas Américas e na Eurásia.
Os cientistas até hoje não sabem direito por que alguns desses animais se extinguiram e por que alguns sobreviveram (as preguiças e os gambás, como você pode ver no filme, conviveram mesmo com os mamutes e estão aí até hoje). Há duas explicações possíveis.
A primeira é que as mudanças do clima foram realmente drásticas demais e afetaram a vegetação de tal forma que grandes comedores de plantas, como os mamutes, os mastodontes e as preguiças-gigantes simplesmente não sobreviveram. Com eles foram embora os carnívoros que os comiam, como os dentes-de-sabre e os ursos-das-cavernas.
A segunda é que os grandes herbívoros foram caçados até a extinção pelos seres humanos, que embora poucos em número já faziam estragos grandes na natureza desde aquela época.
O mais provável, no entanto, é que as duas coisas tenham acontecido: primeiro, uma mudança no clima teria enfraquecido várias espécies. Depois, os humanos chegaram para dar o golpe de misericórdia.

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