São Paulo, sábado, 26 de abril de 2003

LIVROS

'Verbo tem dom diferente'

DA REDAÇÃO

É difícil saber se as "peraltagens" da infância do poeta Manoel de Barros, 86, fizeram parte de seus tempos de menino ou se são brincadeiras (re)inventadas pelo mato-grossense ainda hoje. Suas lembranças de formigas, de pedras que eram lagartixas e de pecados solitários estão guardadas numa caixinha: "Memórias Inventadas -A Infância" (ed. Planeta, R$ 34,00).
Uma coisa fica clara na poesia em prosa de Barros: sua brincadeira preferida era (e ainda é) "entoar" e "escovar" palavras. Quem sabe um exemplo ajude a entender esses verbos que têm outro sentido no dicionário: numa tarde de outono, ele resolveu "obrar" ao pé da roseira de sua avó -a "avó não ralhou nem". O autor, que aos 13 anos decidiu ser "fraseador", explica que "obrar não era construir casa ou fazer obra de arte", "obrar seria mesmo cacarar". No diário do poeta, "verbo tem um dom diferente".(GABRIELA ROMEU)

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