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LIVROS
'Verbo tem dom diferente'
DA REDAÇÃO
É difícil saber se as "peraltagens"
da infância do poeta Manoel de Barros, 86, fizeram parte de seus tempos
de menino ou se são brincadeiras
(re)inventadas pelo mato-grossense
ainda hoje. Suas lembranças de formigas, de pedras que eram lagartixas e de
pecados solitários estão guardadas numa caixinha: "Memórias Inventadas
-A Infância" (ed. Planeta, R$ 34,00).
Uma coisa fica clara na poesia em
prosa de Barros: sua brincadeira preferida era (e ainda é) "entoar" e "escovar" palavras. Quem sabe um exemplo
ajude a entender esses verbos que têm
outro sentido no dicionário: numa tarde de outono, ele resolveu "obrar" ao
pé da roseira de sua avó -a "avó não
ralhou nem". O autor, que aos 13 anos
decidiu ser "fraseador", explica que
"obrar não era construir casa ou fazer
obra de arte", "obrar seria mesmo cacarar". No diário do poeta, "verbo tem
um dom diferente".(GABRIELA ROMEU)
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