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POESIA Lili Olhos-de-Amêndoas MARCELO TÁPIA Outro dia eu olhei nos olhos da Lili, minha cachorrinha, e o que ali eu vi era um olhar que foi fundo na minha mente, como se aquele fosse, sim, olhar de gente: mas não era, era de bicho, um bicho que sente. Sente muito, pensei, pois aqui e ali mostra que gosta de mim um tantão assim, sempre com o rabinho pronto, bem contente, quando eu chego cansado e de cabeça quente: logo seu jeitinho me torna diferente. Diferente ela é, sim, pra mim, de outro bicho qualquer, pois seu olhar de amêndoas me diz que o que vale a pena é saber que sempre eu posso contar com um olhar doce, quente, que me faz feliz quando o coração o sente. SOBRE O POEMA Em casa moram três a cachorrinha Lili, o gato Félix e a gata Molly. Fiz um poema para a Lili e outro para os gatos. O da Lili, mais parecido com os poemas de antigamente, é feito de versos com o mesmo número de sílabas e rimados conforme um padrão definido. Escolhi essa forma, assim, bem-comportada, por causa do jeitão obediente e meio conformado que os cães adultos têm, e que a gente acha legal. Texto Anterior | Índice |
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