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São Paulo, sábado, 29 de maio de 2004

POESIA

Lili Olhos-de-Amêndoas

MARCELO TÁPIA

Outro dia eu olhei nos olhos da Lili,
minha cachorrinha, e o que ali eu vi
era um olhar que foi fundo na minha mente,
como se aquele fosse, sim, olhar de gente:
mas não era, era de bicho, um bicho que sente.

Sente muito, pensei, pois aqui e ali
mostra que gosta de mim um tantão assim,
sempre com o rabinho pronto, bem contente,
quando eu chego cansado e de cabeça quente:
logo seu jeitinho me torna diferente.

Diferente ela é, sim, pra mim, de outro bicho
qualquer, pois seu olhar de amêndoas me diz
que o que vale a pena é saber que sempre
eu posso contar com um olhar doce, quente,
que me faz feliz quando o coração o sente.

SOBRE O POEMA
Em casa moram três a cachorrinha Lili, o gato Félix e a gata Molly. Fiz um poema para a Lili e outro para os gatos. O da Lili, mais parecido com os poemas de antigamente, é feito de versos com o mesmo número de sílabas e rimados conforme um padrão definido. Escolhi essa forma, assim, bem-comportada, por causa do jeitão obediente e meio conformado que os cães adultos têm, e que a gente acha legal.


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