Qual o sentido da vida?: Um coveiro, um bombeiro, um refugiado e uma enfermeira respondem

Questão será tema central de conferências do ciclo Fronteiras do Pensamento

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São Paulo

O ciclo Fronteiras do Pensamento promove, a partir de 13 de maio, em São Paulo e em Porto Alegre, palestras com intelectuais de diferentes países e áreas de conhecimento. Neste ano, o tema central das conferências será responder à pergunta "qual o sentido da vida?".

Entre os convidados estão Janna Levin, física teórica e astrônoma norte-americana que busca compreender os buracos negros e as ondas gravitacionais no espaço-tempo, e o Nobel da paz Denis Mukwege, ginecologista nascido na República Democrática do Congo que dedica sua vida a tratar e acolher mulheres vítimas de violência sexual.

Pegando o gancho do ciclo, a Folha perguntou a seis pessoas qual o sentido da vida.

Tem a ver com a questão do coletivo, com servir. Minha profissão está muito ligada a quanto minha existência é importante para outras pessoas. Ajudar o paciente a passar por um processo doloroso e chegar à morte de uma forma digna e confortável traz sentido para a minha existência
Paula Barrioso, 31, enfermeira que cuida de pacientes terminais

Minha causa: tentar ajudar as pessoas que estão na mesma situação que eu, para que elas consigam sair de lá do Congo ou de outros países e chegar até aqui no Brasil. É isso que eu tento defender. São os caminhos que tento abrir todos os dias como refugiado e ativista de direitos humanos, porque é algo que fala muito também sobre a minha realidade
Sikabaka Dinganga Prosper, 32, refugiado da República Democrática do Congo e ativista de direitos humanos 

O sentido da vida está em saborear, perceber e vivenciar cada momento, ou a gente acaba passando pela existência de uma maneira que não somos o capitão da nossa própria jornada. A profissão de urgência e emergência lida muito com o efêmero. Percebo que a vida é algo muito fugaz, o que ficou evidente em Brumadinho. Tantas pessoas não eram para estar lá e, por um minuto, ou por uma demanda de trabalho inesperada, estavam... 
Pedro Aihara, 26, tenente do corpo de bombeiros de MG que coordenou a comunicação durante o resgate das vítimas de Brumadinho

O homem é um animal social, não pode viver sozinho. Então o sentido da vida não pode ser para você, tem de ser para o outro. É buscar algo para se completar, e o homem se complementa no outro, sempre busca algo que possa suprir sua carência. Ao me completar, também posso completar a vida de outra pessoa, preencher alguns trechos. Já pensou se o homem fosse só? Não poderíamos nem discutir se há sentido na vida. Ia discutir com quem?
Osmair Camargo Cândido, coveiro 

O sentido da vida é que só estamos aqui a passeio, então temos que ser felizes, desfrutar e nos divertir ao máximo, sem ofender ou maltratar ninguém
Jucirlei F. de Oliveira, 36, motorista de aplicativo

Poder transformar a maneira que os bebês chegam ao mundo. É um momento tão emblemático ser o primeiro a recepcionar um ser que tem ali a sua essência, mas você não sabe quem é nem o que virá a ser. Fico pensando ‘será que esse vai resolver a fome? Será que esse outro vai despoluir rios?’ Valorizar esse ser desde que ele não é visível me dá sentido. Já trouxe cerca de 7.000 bebês ao mundo
Alberto Jorge de Souza Guimarães, 56, obstetra do hospital São Luiz Itaim

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