São Paulo, sábado, 1 de janeiro de 1994
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Desertificação avança e extingue vegetação

DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

A pesquisa da UFPB revela que a região do Cariri Ocidental da Paraíba está em avançado estágio de desertificação por causa da seca. Segundo o professor Lucindo José Quintans, 46, a vegetação nativa está se extinguindo em consequência da seca.
Sem meios para sobreviver, a população retirou todo tipo de planta para usar na alimentação. Agora, os habitantes estão destruindo a vegetação seca para fazer carvão e ter alguma fonte de renda. Quintans afirma que seriam necessários de 20 a 30 anos para o Cariri se recuperar do processo de desertificação.
Segundo o professor, o epicentro da seca no Nordeste é o município de Cabaceiras, a leste do Cariri Ocidental, cuja média pluviométrica anual é de 250 mm, de acordo com dados da Sudene. Nos 12 municípios do Cariri Ocidental, a média de chuvas varia, em anos normais, de 250 mm a 410 mm. No Estado da Paraíba, a média é de 900 mm.
Dados da Secretaria da Agricultura do Estado indicam que não choveu nem 50 mm na região em 1993. Quintans estima que a seca dizimou mais de 80% do rebanho bovino da região. Fazendeiros e trabalhadores rurais informam que o gado bovino foi vendido a outros Estados a preços abaixo dos de mercado para não morrer por falta de pasto e água.
Quintans afirma que a previsão é de que este ano também será seco. "Se a seca se prolongar em 1994 e 1995, todos os animais serão extintos e metade da população deixará a região", afirmou.

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