São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Lula ganha o segundo turno contra todos

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o segundo turno da eleição presidencial tivesse sido realizado nos dias 14 e 15 últimos, Lula seria o novo presidente da República, fosse qual fosse o seu adversário –Paulo Maluf, Antônio Britto ou José Sarney.
É o que revela a primeira pesquisa do Datafolha em que, além de um hipotético primeiro turno, se investigam também três supostas possibilidades de segundo turno. A menor vantagem de Lula (14 pontos percentuais) se daria se o seu adversário fosse o ex-presidente Sarney. Nesse caso, Lula teria 46% dos votos, contra 32% de Sarney (14 pontos percentuais).
A maior vantagem ocorreria se o outro candidato fosse Paulo Maluf. Nesse caso, Lula ganharia por 49% a 26%, uma diferença, portanto, de 23 pontos percentuais. Por fim, se fosse Britto o adversário, Lula ganharia com uma vantagem de 18 pontos percentuais (48% a 30%).
Maioria absoluta
Em qualquer dos casos, Lula não alcança a maioria absoluta dos votos, embora o segundo turno tenha sido introduzido exatamente na expectativa de que o presidente eleito passasse, sempre, dos 50% mais um dos votos. Já em 1989, primeira eleição com o novo sistema, Fernando Collor também não alcançou a maioria absoluta do eleitorado registrado.
Collor teve 35,089 milhões de votos, ou 42,75% dos 82,074 milhões de eleitores inscritos.
Eleitorado
A pesquisa deixa claro que a característica do eleitorado de Lula (e, por extensão, do seu adversário) se modifica conforme o outro candidato. Com Sarney, paradoxalmente, são os mais ricos os que conferem maior vantagem ao candidato do PT (47% a 24%, entre os de renda familiar superior a dez salários-mmínimos, quando, entre os de renda até cinco mínimos, a diferença fica em dez pontos percentuais, ou 45% X 35%).
Já se for Britto o rival de Lula, inverte-se o quadro. Na faixa até cinco mínimos, Lula esmaga Britto (50% x 28%), mas, entre os que recebem mais de 10 mínimos, a diferença cai para apenas 5 pontos percentuais (44% x 39%). Quando se investiga uma disputa Lula/Maluf, não há diferenças significativas na votação de cada faixa de renda.
Quanto à idade, o fato de Britto ter sido ministro da Previdência o levou a um enorme destaque entre os mais velhos. Os eleitores de 41 anos ou mais dão até vantagem para Britto sobre Lula (39% x 33%). Sarney também demonstra mais prestígio entre eleitores de 41 anos para cima, pois empata com Lula em 34% das intenções de voto. (CR)

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