São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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FHC espera abril para decidir candidatura

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, já não descarta sua candidatura à Presidência da República. "Não posso descartar algo que até agora não encartei", disse na noite do Réveillon. "Até abril vou decidir."
FHC afirmou que se opõe a uma aliança do seu partido, o PSDB, com o PT no primeiro turno da eleição. "Precisamos ter candidatura própria". Propõe uma lista de quatro candidatos: Tasso Jereissati, Ciro Gomes, José Serra e Mário Covas.
Na casa do seu filho, em São Conrado (zona sul do Rio) e em passeio na Avenida Atlântica (Copacabana, zona sul) na noite de passagem do ano, o ministro disse que a recessão acabou no Brasil em 93. A seguir, os principais trechos da entrevista:
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CANDIDATURA
"Não encarto nem descarto. Jamais assumi a posição de ser candidato a presidente. Não posso tomar uma decisão nesse momento, porque tudo está muito longe. Tenho até abril para decidir. Agora tenho de cogitar outros problemas, da economia brasileira."
JUSTIÇA
"Respeito a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre salários das estatais, mas muitas vezes o ritmo da Justiça não é o que se espera. A crítica deve ser feita sobre funcionamento da Justiça e não sobre decisão de juiz."
RECESSÃO
"A recessão acabou em 93. Quem diz que o plano do governo é recessivo, é gente que não sabe economia. O que está embutido no plano é uma taxa de crescimento entre 4% e 5% do PIB. O ministro Domingo Cavallo, da Argentina, nos disse que se nós fizermos o que está proposto o crescimento pode chegar a 8% porque pode haver um "boom" na economia no segundo semestre."
1993
"Marca o fim da recessão. Há muito tempo o Brasil não via a expansão da economia numa taxa razoável como em 93, expansão no emprego e aumento da massa salarial. Tivemos alguns problemas: seca do Nordeste, fome, inflação."
1994
"Vai ser melhor que 93. O brasileiro deve acreditar de novo nele mesmo. O Brasil é um país viável. Depois, que vote bem no ano eleitoral."
INFLAÇÃO
"Podemos acabar com ela. Precisamos ter um Orçamento equilibrado. O governo não pode gastar mais do que ganha. Peço aos congressistas que cada um, em vez de de pensar em termos eleitoreiros, que vote com sua consciência."
ORÇAMENTO
"O deputado federal Marcelo Barbieri, relator da Comissão de Orçamento –que questiona a constitucionalidade da proposta–, tem uma obrigação: dizer de que maneira se evita o déficit. Espero que tenha uma solução melhor do que nós propusemos. No ano de 93 nós transferimos para Estados e municípios US$ 8,3 bilhões. Estamos prevendo, apesar dos 15% de retenção em 94, transferir mais de US$ 11 bilhões."
IMPOSTOS
"Esperamos conseguir recursos para equilibrar o Orçamento com o aumento do Imposto de Renda de pessoas jurídicas. Procuramos orientação para não penalizar os trabalhadores e os assalariados de mais baixa renda. O sistema financeiro não deve estar feliz, porque desse negócio de imposto ninguém gosta."

LEIA MAIS
sobre eleições à pág. 1-11 e sobre plano FHC às págs. 1-12 e 1-13

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