São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
Próximo Texto | Índice

Bolsa ignora crise e tende a subir em 94

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem comprou ações no ano passado ganhou a taça de campeão. Foi o ativo com maior valorização e o investidor conseguir dobrar o capital. Aplicou 100 em janeiro, levou 200 em dezembro. Decifrar se o mercado acionário consegue o bicampeonato no sobe e desce das aplicações em 1994 não é tarefa fácil. Mas há um indicador técnico valioso: o preço das ações subiu o ano todo, apesar das confusões políticas e econômicas.
O comportamento, para os especialistas, significa que as bolsas estão em meio à uma tendência de alta que deve atravessar o primeiro semestre do novo ano. "Vejo a sequência da tendência com a realização de um mínimo de avanços no programa econômico do governo no começo do ano", afirma Cláudio Haddad, diretor-superintendente do Banco Garantia. "Depois, vai depender da campanha eleitoral".
A adoção da URV e a aprovação do programa pelo Congresso serão motivos para alta das cotações, que devem seguir a tendência de alta em meio a solavancos. "Vamos ter uma volatilidade muito grande nas cotações", acrescenta Julius Buchenrode, diretor de investimentos do Chase Manhattan Bank, principal administrador de recursos externos, com patrimônio de US$ 2,5 bilhões em ações. De crise em crise, a evolução do Indice Bovespa se aproxima dos picos do Plano Cruzado. É no convulsionado governo de Itamar Franco que ela bate recordes de volume negociado e recebe volumosos ingressos de aplicadores ariscos –os estrangeiros.
"Ainda não vimos a alta do mercado se o plano for, mesmo parcialmente, aprovado pelo Congresso", aposta Dryel Menacker, diretor do Banco Liberal.
O índice de ações negociado na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou 1993 com valor de US$ 11,70 (total de pontos multiplicado pela cotação do dólar), acima do cume de 89, antes de desabar junto com o megainvestidor Naji Nahas. Outra proeza –juros muito altos não derrubaram a atração pelas ações.
No Cruzado, em 1986, o índice, que traduz o valor das ações, chegou a US$ 25. "Tudo indica que os primeiros passos do programa econômico serão executados", prevê Luiz Eduardo Assis, diretor do Citibank. "E aí poderemos atingir esse preço".

LEIA MAIS
sobre as Bolsas na pág. 2-10

Próximo Texto: Operações com gás; Mudas de plantas; IR - Pessoa jurídica; Indenização; Transportador autônomo; Hotéis e restaurantes; Cessão de textos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.