São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Os números sorriem para Lula

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Ainda tem muito jogo pela frente e as viradas são rotina nas disputas eleitorais. Mas a pesquisa Datafolha publicada hoje mostra que, nesse início de ano, Luiz Inácio Lula da Silva está numa situação invejável. Não apenas mantém o patamar de 30%, mas seus possíveis adversários estão cercados de obstáculos.
A pesquisa revela crescimento de Antônio Britto, que, com 12%, chega ao segundo lugar. Mas sua indicação ainda está longe de assegurada. Forte na máquina partidária, Orestes Quércia se insinua na disputa. Só que, na pesquisa, é um dos lanterninhas com inexpressivos 6%. O ex-governador é perseguido por acusações de irregularidades, num país onde a moralidade é o grande debate nacional.
O ministro Fernando Henrique Cardoso está com 8%, que tenderiam a se expandir com efeitos positivos do plano. Os efeitos ainda não vieram, o plano está empacado e uma inflação acima dos 40% desponta nesse mês. Ele está no mesmo nível de Leonel Brizola que, além de não ter prestígio em São Paulo, sua administração está desgastada no Rio.
Paulo Maluf está bem colocado. Mas sua taxa de rejeição é alta, seu prestígio não vai bem na cidade de São Paulo, onde, segundo Datafolha, registra 41% de ruim e péssimo. E, ainda por cima, o caso Paubrasil está no auge, numa investigação que avança sobre dinheiro de campanha e ajuda a empreiteiras. Também com boa colocação, José Sarney não tem sequer legenda assegurada.
Mas, ao mesmo tempo, os números mostram espaço para surgimento de um candidato que polarize com Lula e com baixa taxa de rejeição, aglutinando do centro-esquerda à direta. Daí, por exemplo, as conversas iniciais de bastidores sobre união entre PMDB, lançando Britto, apoiado pelo PFL, que indicaria o deputado Luis Eduardo Magalhães com vice.
Por não ser truculento como o pai, governador ACM, Luis Eduardo já recebeu elogios, por exemplo, até de parlamentares do PT, como Aloízio Mercadante. O PFL é o segundo partido do país, com ramificações na maioria dos municipíos. Seu melhor nome nas pesquisas é ACM. Está numa baixa posição (6%) para disputar o Planalto. É valioso, porém, a um candidato que precise de alguns pontos, credenciando-o a brigar com Lula no segundo turno.

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