São Paulo, segunda-feira, 3 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estudo vê articulação política de empreiteiras com o setor público

DA REPORTAGEM LOCAL

A estatização da demanda no setor da construção pesada, e a consequente interação política entre empresas e Estado, permite que grandes contrutoras possam criar sua própria demanda, antecipando-se ao planejamento estatal nas áreas de infra-estrutura.
As grandes empreiteiras elaboram "pacotes" completos de obras públicas que incluem desde o projeto até os esquemas de financiamento. As normas sobre licitações permitem às empresas embutir custos superiores aos de produção segundo critérios estritamente políticos. Os lucros são definidos ao longo da obra, fixando-se em patamares tanto mais elevados conforme o volume de obras –necessárias e desnecessárias– que a empreiteira introduza no projeto original da construção.
O texto acima poderia constar das conclusões da CPI do Orçamento, mas foi escrito bem antes pela pesquisadora Regina Moreira Camargos em sua tese de mestrado "Estado e Empreiteiros no Brasil; Uma Análise Setorial". A tese foi defendida na Unicamp em junho passado.
Ao longo de 170 páginas, Regina esmiuça o papel do Estado na acumulação de capital da construção pesada já na segunda metade dos anos 40. De parceiros do Estado, os grandes construtores passam aos poucos a interferir em todo o processo chegando ao que a autora chama de "oligopólio politicamente induzido".
"Dois anos atrás, eu só tive acesso a fontes de informações indiretas", diz Regina. "Hoje, com a CPI e as grandes empreiteiras brigando entre elas, o acesso às informações seria mais fácil."

Texto Anterior: Número de mortos em acidentes na Dutra cresce 20% em um ano
Próximo Texto: Cresce violência contra a mulher em Manaus
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.