São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994
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Sem espaço em outros partidos, Sarney decide ficar no PMDB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente José Sarney divulgou ontem nota segundo a qual irá permanecer no PMDB, independentemente "de qualquer motivação de candidatura presidencial". Senador pelo partido no Amapá, mas sem espaço no partido para concorrer à Presidência, Sarney tentou se filiar ao PP, ao PFL, ao PTB e ao PL, mas não encontrou receptividade em nenhuma das legendas.
Na nota, o ex-presidente afirma que fica no PMDB, depois "da solidariedade" que recebeu de governadores e "principais lideranças" do partido. Junto, divulgou uma nota de solidariedade do governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho, afirmando ser "indispensável" sua atuação no partido. Sarney afirma ter recebido "apelos" do ex-governador Orestes Quércia, do presidente do Congresso, Humberto Lucena, e dos governadores Ronaldo Cunha Lima (PB), Jáder Barbalho (PA) e Iris Rezende (GO).
"Ele volta com o filme queimado. Se já era difícil antes ser o candidato do partido à Presidência, agora Sarney pode tirar o cavalo da chuva", afirmou o líder em exercício do PMDB na Câmara, Aloísio Vasconcellos (MG). Segundo ele, "para a grande maioria do PMDB está claro agora que Sarney só ficou no partido por falta de espaço nas outras legendas. Tudo bem. Mas ele volta como soldado raso".
O ex-presidente nega, na nota, que tenha procurado outras legendas: "Não procurei nem aceitaria filiar-me a nenhum outro partido." Segundo ele, sua "conduta de prudência e equilíbrio não autoriza ninguém a julgar" que estaria em busca de outro partido "para cumprir uma ambição pessoal".
Em entrevista publicada no dia 29 de dezembro último pela Folha, ele disse que que estava com um "pé fora" do PMDB: "Só fico em casa onde sou convidado e, ainda por cima, bem tratado". (Tales Faria e Eumano Silva)

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