São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994
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José Carlos acusa Fiuza de manter esquema João Alves

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O economista José Carlos Alves dos Santos disse ontem que o deputado Ricardo Fiuza (PFL-PE), quando assumiu o posto de relator-geral da Comissão de Orçamento em 91, manteve o mesmo esquema de distribuição de verbas de subvenções sociais montado pelo deputado João Alves (sem partido-BA). Na opinião dos parlamentares que tomaram o novo depoimento de Santos na Polícia Federal, as suas declarações podem comprometer Fiuza.
O presidente da Subcomissão de Subvenções Sociais da CPI do Orçamento, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), decidiu pedir ao senador Jarbas Passarinho (PPR-PA), presidente da CPI, a reconvocação de Fiuza. Ele acredita que o ex-ministro terá de responder às novas acusações do economista em seu depoimento, que durou cerca de quatro horas.
Para não chamar a atenção, as entidades da Bahia ligadas diretamente a João Alves receberiam menos recursos do que nos anos anteriores. O economista disse que Fiuza alertou Alves que as entidades, desta vez, teriam que enviar um ofício diretamente ao ministério solicitando a verba. Antes, esse ofício era entregue pessoalmente pelo próprio João Alves.
Um critério para burlar o contingenciamento do Orçamento também teria sido adotado. Segundo Santos, cada entidade pediu em seu ofício muito mais que o acertado, para que Fiuza fizesse os cortes até o valor combinado. Santos teria escrito à mão, no alto dos ofícios, o percentual que Fiuza tinha que cortar em cada caso. "Isso foi apagado mas, se fizerem um exame grafotécnico, encontrarão a marca do lápis", disse.
O ex-assessor do Senado apresentou como supostas provas do envolvimento de Fiuza dois bilhetes apreendidos em sua casa no dia 28 de outubro do ano passado. Um dos bilhetes, diz ele, mostra que entidades "tradicionalmente atendidas" teriam ficado com Cr$ 13 bilhões, em valores do início de 92. No outro, para o então secretário-executivo do Ministério da Ação Social Maurício Vasconcelos, Fiuza manda que se destine 80% do Orçamento de subvenções para as entidades, diz José Carlos.

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