São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994
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Juro alto emperra negociação entre empresas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As altas taxas de juros estão emperrando as negociações entre a indústria e o comércio neste início de ano. "Esse é o grande complicador do momento. Não sabemos qual taxa praticar", diz Lourival Kiçula, coordenador da área de eletrodomésticos da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Algumas empresas chegam ao ponto de fechar negócios sem definir os juros que serão praticados no mês. Um exemplo dessa prática no mercado que começa a surgir com a alta das taxas de juros é a Gradiente, do setor eletroeletrônico. "Não dá para fixar uma taxa neste momento. Ela varia muito", afirma Victor Leal, diretor de vendas. Segundo ele, os juros futuros vão estar próximos da inflação.
"Provavelmente a indústria terá que absorver o aumento da taxa de juros. O comércio não pode aceitar porque não consegue fazer o repasse para o consumidor", diz Luiz Cezar Fernandes, controlador do Banco Pactual. A Continental 2001 virou o ano praticando taxa de juros da ordem de 44% –quatro pontos percentuais mais do que a de dezembro.
"Ainda não deu para saber o reflexo disso porque o ano está começando. Mas estamos preocupados com as altas taxas de juros em decorrência do repique da inflação", diz Antonio Luiz Mucci, diretor administrativo da Continental.
A indústria de eletrodomésticos não deve mudar o ritmo de produção neste início de ano. "Devemos fabricar 5% mais neste mês do que em janeiro de 93. Não estamos esperando nada de novo neste ano. Os impostos do ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso vão provocar redução na renda do consumidor", diz Kiçula.
Na sua análise, as empresas do setor vão continuar com ociosidade média de 40%. "Não há sinais de que se venda mais em 94 do que foi vendido no ano passado." A diretoria da Gradiente tem a mesma expectativa. "Se o mercado se mostrar mais promissor vamos rever as metas de produção", diz Flávio Penna, gerente de produto para a área de vídeo.
A Continental 2001 também mantém a produção. Neste mês deverá produzir cerca de 65 mil produtos –o mesmo volume de janeiro de 93. "Não haverá demanda adicional porque não há motivos para isso", diz Mucci. A Continental continua operando com 30% de ociosidade. No momento está em férias coletivas. Parte dos empregados –500 pessoas– volta a trabalhar no próximo dia 9. Outra parte –1.000 pessoas– retorna ao trabalho no dia 16.

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