São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994
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Para importadores, participação é de 2,5%

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para a Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), os importados representaram em 93 apenas 2,5% das vendas no mercado interno. Segundo Emílio Julianelli, presidente da entidade, "o restante equivale ao comércio bilateral Brasil-Argentina e não pode ser considerado como importação, porque está isento do imposto de 35%".
Para o presidente da Abeiva –associação fundada em março de 91 e que reúne atualmente 26 marcas– as montadoras "inflacionam os números das importações para forçarem a adoção de quotas". Segundo Julianelli, "a estratégia da Anfavea, ao que tudo indica, é ocupar o máximo de espaço possível entre os importados para, mais tarde, limitar as importações através de quotas.". Apesar disso, Julianelli não nega que o setor está crescendo e que essa tendência deve se manter em 94. "Nossos associados e os importadores independentes fecharam 93 com cerca de 30 mil carros vendidos. Para 94, devemos chegar a 45 mil, um crescimento de 50%".
Luiz Adelar Scheuer, da Anfavea, diz que as montadoras, ao procurarem aumentar a participação no mercado dos importados, seguem "as regras do jogo ditadas pelo governo". Scheuer diz que "estamos importando mais porque o governo privilegia quem importa". Para ele, o governo errou ao reduzir as alíquotas de importação sem elaborar uma política industrial para o setor. Uma preocupação das montadoras é a concorrência dos importados no segmento dos automóveis de luxo, faixa mais lucrativa do mercado.
Julianelli é contra a adoção de quotas de importação. "A alíquota de 35%, a maior do mundo, já representa grande proteção à indústria instalada no país", diz. Eduardo Souza Ramos, presidente da Mitsubishi Motors, afirma que "a concorrência das montadoras no setor de importações é desleal. Elas entram no mercado com custos muito menores do que o das importadoras. Não precisam fazer investimentos, porque a rede de distribuição já está instalada".
Para Pierre Smedt, presidente da Autolatina, "a abertura não pode ser indiscriminada" e "há urgência para se fixar um limite máximo para os veículos importados". Em palestra no Instituto Liberal de São Paulo, em novembro, disse que Taiwan, Coréia e Japão cresceram com mercado interno totalmente fechado e que no México, por exemplo "só os produtores locais têm direito a importar carros". (APF)

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