São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994 |
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Rebelião em presídio da Venezuela mata 135
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS Pelo menos 135 presos morreram e 45 ficaram feridos em uma rebelião seguida de incêndio no presídio Sabaneta, na cidade de Maracaibo, noroeste da Venezuela. Um oficial da Guarda Nacional venezuelana disse que o número de mortos pode chegar a 150. O presídio foi construído para abrigar 800 presos. Na hora da rebelião, havia mais de 3.000. Vários presos morreram queimados e pelo menos um foi degolado. Em uma fuga no presídio da cidade de Tocorón, centro do país, mais dez presos morreram (leia texto nesta página).A rebelião começou na noite de segunda-feira e só foi controlada quatro horas depois, na madrugada de ontem. Cerca de 400 índios guajiras fugiram de seu pavilhão e atacaram os presos não-índigenas com coquetéis Molotov. Os guajiras formam a tribo mais numerosa da Venezuela. Havia cerca de 800 deles no presídio. A briga envolveu armas de fogo, estiletes e pedaços de pau. A Guarda Nacional (polícia militar venezuelana) invadiu o presídio para controlar a situação. Os presos se rebelaram, tomaram controle de três pavilhões e começaram um incêndio. A energia elétrica foi cortada e muitos detentos não tiveram como escapar do fogo. Alguns morreram afogados em tanques-de água, na tentativa de evitar as chamas. "Mutilaram, degolaram e lincharam. Em alguns casos, só encontramos fragmentos dos cadáveres", disse o médico legista Nélson Bonilla. A perícia constatou que vários presos morreram asfixiados, por causa da fumaça do incêndio. Vários sofreram queimaduras de terceiro grau. Até a manhã de ontem, apenas 54 corpos haviam sido identificados. "Nunca vi coisa igual", disse o general Jesus Rojas Salazar, da Guarda Nacional. O número de mortos pode aumentar. Um oficial da Guarda Nacional que se identificou com Ortis Torres disse que os mortos podem ser 150. O diário "Panorama", da capital Caracas, chegou a contar 200 mortos. O arcebispo de Maracaibo, monsenhor Ovidio Perez Morales, chorou ao entrar no presídio Sabaneta. "Vimos mais de cem mortos hoje (ontem). Mas este tipo de violência ocorreu durante todo o ano passado. Eu peço a Deus para que acabe com a vingança e com a violência." O procurador-geral da Venezuela, Ramon Escovar Salom, disse que as 135 mortes no presídio se devem a "anos de inércia e irresponsabilidade governamental". O presidente Ramon Velásquez se comprometeu a tomar medidas "categóricas e imediatas para evitar a repetição desses sangrentos episódios". Ele atribuiu a tragédia à grave crise econômica que o país atravessa. O ministro da Justiça, Fermin Marmol Leon, deveria viajar ontem mesmo para Maracaibo para conduzir uma invetigação sobre as causas da rebelião. Texto Anterior: Lei do silêncio combate alarmes de automóveis Próximo Texto: Procurador diz que as prisões são 'vergonha' Índice |
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