São Paulo, sexta-feira, 7 de janeiro de 1994
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Buraco da JK causou prejuízo de US$ 4 mi

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O prejuízo causado pelo buraco na avenida Juscelino Kubitschek (zona sul) foi estimado ontem pela prefeitura entre US$ 3 milhões e US$ 4 milhões, segundo cálculos do secretário do Desenvolvimento Urbano, Reynaldo de Barros. O valor total da obra é de US$ 40 milhões. O secretário isentou as empreiteiras envolvidas na obra (CBPO e Constran) de qualquer responsabilidade no acidente e disse que o município não vai arcar com o prejuízo. Para ele, o culpado pelo buraco é o vazamento de água da galeria do córrego do Sapateiro.
"Não sei quem vai pagar os prejuízos. Esse é um problema meu. Eu vou resolver. O que posso dizer é que a prefeitura não vai gastar um tostão", afirmou irritado Reynaldo de Barros.
A prefeitura divulgou anteontem um laudo técnico mostrando que o rompimento da galeria do córrego do Sapateiro, dia 24 de novembro, foi responsável pelo desabamento da passagem de nível da Juscelino com a avenida Santo Amaro.
O laudo deixa claro, por exemplo, que a galeria do córrego do Sapateiro estava passando por um processo de recalque (rebaixamento pela movimentação de terra) contínuo, que culminou no seu rompimento. Apesar da constatação do recalque, verificada por medições diárias, a galeria não foi escorada.
Reynaldo de Barros minimizou ontem algumas conclusões do laudo. "Acidente é acidente. Todo túnel tem recalque. Isso é previsível. No dia do acidente, não havia ninguém trabalhando no túnel", disse. Em seguida afirmou: "É claro que o túnel ajudou a fazer o buraco, mas ele não é o culpado pelo buraco. O culpado é o vazamento de água pela galeria".
As obras no local continuam, mas ainda há água dentro do túnel sob a Juscelino. A próxima etapa, segundo o secretário, será construir duas paredes nas extremidades do buraco e jogar por cima delas uma laje. "Como um bandeide", disse Barros.
O promotor de Justiça e Cidadania do Ministério Público (MP), Antonio Osório Leme de Barros, está analisando o laudo elaborado pela prefeitura. Ele afirma que agora vai cruzar os dados do relatório com outro elaborado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP), já em seu poder, para "levantar contradições".
Leme de Barros vai pedir ao IPT que analise o relatório da prefeitura. "Há muitos termos diferentes nos dois laudos para os mesmos fenômenos." O promotor recebeu ontem dos vereadores Adriano Diogo e Aldaíza Sposati (PT) pedido de instauração de inquérito civil para apurar as responsabilidades do acidente. Leme de Barros afirmou preferir esperar o novo relatório do IPT antes de tomar outras providências.

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