São Paulo, sexta-feira, 7 de janeiro de 1994
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EUA abrem porta para a adesão do Leste à Otan

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, lançou ontem o programa "Parcerias para a Paz", que prevê a inclusão dos países do Leste Europeu na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental liderada pelos norte-americanos). Até o final da década de 1980, esses países se alinhavam no bloco socialista com a ex-União Soviética, no já extinto Pacto de Varsóvia (aliança militar liderada pelos soviéticos).
O anúncio, feito em Milwaukee, Wisconsin, Meio-Oeste do país, deveria ter sido feito pelo presidente Bill Clinton, que enviou Gore em seu lugar devido à morte de sua mãe, Virginia Kelly (leia texto nesta página). Ele serve de prólogo para a viagem do presidente norte-americano à Europa, programada para começar amanhã.
Gore afirmou que a integração à Otan dos países da ex-"cortina de ferro" ocorrerá no médio prazo. De imediato, haverá apenas estreitamento de relações militares e políticas entre os membros da aliança militar ocidental e os do antigo Pacto de Varsóvia.
O vice-presidente também disse que o bom desempenho dos nacionalistas e comunistas nas recentes eleições parlamentares da Rússia "é motivo de preocupação para todos, mas o Ocidente não pode perder a fé em Boris Ieltsin e outros que estão tentando mudar o sistema".
O governo dos Estados Unidos está em confronto com o Fundo Monetário Internacional e outras organizações multilaterais, que têm exigido melhor desempenho da economia russa como pré-condição para novos empréstimos à Rússia. Gore disse que o Ocidente precisa ser "mais compreensivo" com o presidente da Rússia, Boris Ieltsin.
"A luta para apagar as cicatrizes do comunismo e para assegurar o sucesso da democracia não é a luta deles apenas. Ela deve ser também a nossa luta. É a luta de uma geração, a nossa geração. É a luta de um século, o nosso século", declarou o vice-presidente Gore.
Gore também procurou assegurar aos tradicionais aliados dos Estados Unidos, os fundadores da Otan, que os norte-americanos não estão lhes "voltando as costas". Na quarta-feira, em almoço com jornalistas na Casa Branca, o presidente Clinton disse que "nós simplesmente não podemos nos afastar da Europa; sempre que fizemos isso neste século, foi um erro enorme".
A viagem de Clinton vai começar amanhã à noite. Ele tem chegada prevista em Bruxelas, Bélgica, para a manhã de domingo. De lá, segue para Praga, capital da República Tcheca, e Moscou, onde terá seu terceiro encontro em um ano com Boris Ieltsin.

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