São Paulo, sexta-feira, 7 de janeiro de 1994
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México é acusado de executar rebeldes

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Corpos de camponeses rebelados no sul do México foram encontrados com tiros na cabeça. A revelação, feita por médicos encarregados das necrópsias, levantou a possibilidade de execução dos rebelados por parte do Exército.
Ontem, aviões da Força Aérea continuaram o bombardeio contra posições dos rebeldes no Estado de Chiapas (sul do país). Milhares de soldados ocuparam a região e fecharam os acessos.
Médicos legistas encarregados dos exames em Tuxtla Gutiérrez (capital estadual) disseram que 8 de 26 corpos examinados apresentavam perfurações na cabeça que pareciam tiros a queima-roupa. Um grupo denominado "Frente Urbana" do Exército Zapatista de Libertação Nacional divulgou comunicado afirmando que o Exército estaria "tomando prisioneiros e executando-os depois de torturá-los".
O presidente Carlos Salinas de Gortari enviou Jorge Madrazo, diretor da Comissão Nacional de Direitos Humanos, para investigar as denúncias de violações cometidas por soldados e rebeldes.
Os rebeldes zapatistas teriam recusado as exigências do governo para negociações de paz, segundo emissão de rádio captada na Cidade do México. O governo exigia cessar-fogo, entrega das armas pelos rebeldes, libertação dos reféns e identificação dos líderes zapatistas.
Ontem, o governo admitiu que tinha conhecimento dos preparativos da rebelião há um ano. Um porta-voz disse que a informação não foi divulgada, porque a "extrema pobreza e uma história de repressão obrigaram o governo a ser prudente".
Os rebeldes zapatistas iniciaram o levante no dia de Ano Novo, chegando a conquistar seis cidades em Chiapas. Eles acusaram o governo de práticas "genocidas" e exigiram terras. A rebelião foi sufocada pelas Forças Armadas e os zapatistas fugiram para as montanhas. Dados do governo indicam que pelo menos 105 pessoas morreram na rebelião.

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