São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994 |
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Maluf acusa 'intolerância' do PT
DA REPORTAGEM LOCAL O prefeito Paulo Maluf (PPR) acusou ontem o PT, ainda que indiretamente, de responsável pelo assassinato do sindicalista Oswaldo Cruz Júnior. "A suspeita recai sobre a intolerância do PT, que armou o braço do assassino", disse Maluf.No entender de Maluf, provável candidato do PPR à Presidência da República, "o assassinato frio mostra que o PT não pode conviver com a democracia e a crítica". Trata-se de uma menção às denúncias de Cruz sobre eventual desvio de dinheiro de sindicatos para financiamento de campanhas eleitorais petistas. Para atacar o PT, Maluf insinuou que o caso de Cruz guarda semelhança com o assassinato em São Paulo de um sindicalista conhecido por "Bruce Lee", em 92. "Bruce Lee" atuava no Sindicato dos Motoristas de São Paulo e fazia oposição à diretoria da entidade, controlada pela CUT. "Os dois casos são parecidos. 'Bruce Lee' e Cruz eram contrários ao aproveitamento político dos sindicatos", declarou o prefeito de São Paulo. Maluf afirmou ainda que "o PT é especialista em investigar a vida dos outros. Quando é investigado, estranhamente acontecem casos como o do sindicalista Cruz". O assassinato de Cruz, segundo o prefeito, mostra a incompatibilidade entre o PT e a democracia. "O Cruz não se conformava com o uso de dinheiro sindical pelo PT e foi assassinado friamente para queimar um arquivo", acrescentou. Outro lado Rui Falcão, vice-presidente do PT, disse que as palavras de Maluf "refletem a tentativa de exploração político-eleitoral de alguém desesperado pela falta de votos". O dirigente petista afirmou que as declarações do prefeito são "caluniosas" e poderiam ser motivo para abrir um processo. "O que Maluf tem que responder é sobre a participação dele, de seu filho e de sua assessoria mais direta no caso Paubrasil", afirmou o petista, referindo-se à empresa do pianista João Carlos Martins que arrecadou dinheiro para as duas últimas campanhas eleitorais do malufismo. Para Falcão, por trás do ataque de Maluf está o desejo de "transformar o cadáver de um dirigente sindical em plataforma eleitoral, tentando atingir o partido que lidera as pesquisas sobre sucessão presidencial". A direção do PT pode se reunir na segunda-feira para determinar a posição que adotará durante a investigação do assassinato de Oswaldo Cruz Júnior. Texto Anterior: Petistas prometem processar acusadores Próximo Texto: Delegado não descarta 'motivos políticos' Índice |
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