São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994 |
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Nova campanha da Cultura põe em xeque meio televisivo
ESTHER HAMBURGER
A imagem de cada um dos oito filmes de 30 segundos, é sempre produzida a partir de transformações computadorizadas do código de barras (aquele que aparece quando um canal está fora do ar), que pode virar um caminhão de brinquedo, uma tenda de circo ou uma pintura em um museu. O espírito da campanha, dedicada a estimular práticas lúdicas, artesanais e intelectuais, é de que nada substitui a emoção que a experiência de meios não eletrônicos sempre será capaz de produzir. Texto e imagem são primorosos. A dúvida é se eles realmente despertam o interesse pela atividade que sugerem ou se constituem espetáculos em si mesmos. Na base da campanha da Cultura está a velha desconfiança com o meio televisivo. Um pouco eletrodoméstico, mas também veículo de notícia e ficção, suporte inevitável da videoarte e do cinema, a televisão provoca a ira dos que se preocupam com a degradação dos costumes. Provoca a nostalgia dos que sonham com um mundo mais autêntico e menos eletrônico. Preocupa educadores e políticos empenhados em garantir a formação de cidadãos ativos. Mas até que ponto manifestações políticas, ondas de ciclismo ou a lotação dos poucos parques da cidade não evidenciam que os temores imbutidos nesse discurso não têm razão de ser? Afinal por mais influente que a TV seja, a vida das pessoas não se resume à telinha. Temores infundados à parte, a campanha se sustenta como louvável homenagem ao circo, ao teatro, aos esportes. Texto Anterior: "...E o Vento Levou" continua na TV Próximo Texto: Cassandra Wilson deixa de ser "cult" Índice |
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