São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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CUT comprova existência de centro de saúde

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Central Unica dos Trabalhadores (CUT), Jair Meneguelli, apresentou documentos ontem que desmentem a informação de Clodovil de Carvalho Cruz sobre desvio de dinheiro enviado por uma central italiana para construção de um centro de saúde do trabalhador. O Instituto de Saúde no Trabalho (Inst) foi fundado em abril de 1988. Clodovil, irmão do sindicalista Oswaldo Cruz Júnior, assassinado na semana passada, afirmara que o centro não fora construído.
O Inst foi financiado pela central sindical italiana CGIL, que enviou para o Brasil duas parcelas de US$ 300 mil, uma em 91 e a outra no ano seguinte. Outros US$ 300 mil deveriam ser doados em 93, mas ainda não chegaram à CUT. O Inst tem sede própria, na Vila Mariana (zona sul paulistana), e mantém convênios com entidades como o Banco Mundial num programa de prevenção e combate à Aids. O centro dedica-se principalmente à formação de profissionais para atuação na área de saúde no trabalho.
"O Clodovil ou agiu de má fé ou então está abaldo com a morte do irmão", disse Meneguelli ao comentar a acusação do irmão de Cruz. O dirigente da CUT lamentou a morte de Cruz e mostrou uma ata de reunião da CUT estadual, no dia 22 de novembro do ano passado, em que se recomendava antecipar a eleição no Sindicato dos Condutores do ABC, devido à divisão na diretotia liderada por Cruz. A CUT dava na ocasião uma semana de prazo para que as duas alas apresentassem doaumentos para provar irregularidades que estariam sendo praticadas pelos adversários. Cruz e Cícero Bezerra da Silva, os dois líderes inimigos, receberam o texto mas não encaminharam os documentos pedidos.
Meneguelli defendeu o uso de carros de som de sindicatos em campanhas eleitorais do PT. "Isso não tem nada demais. Em 89, o Medeiros levou o Collor na porta da Monark num carro do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e eu não achei ruim", apirmou.
A CUT vai processar Luiz Antônio de Medeiros (presidente da Força Sindical), Francisco Canindé Pegado (presidente da Confederação Geral dos Trabalhadores) e o senador Esperidião Amin (PPR-SC) por terem insinuado ou afirmado que a entidade tem relação com o assassinato de Cruz.
Medeiros disse não estar preocupado. "Quem deve estar é o Lula, o Meneguelli e o Chinaglia. Eles é que estão sob suspeita". Canindé Pegado afirmou que "o crime é político", mas que cabe à Polícia averiguar.

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