São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Medeiros depõe e não apresenta provas

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Antonio de Medeiros, presidente da Força Sindical, prestou ontem depoimento de duas horas no caso do assassinato de Oswaldo Cruz Junior. Medeiros não apresentou documentos que dessem indícios de crime político. "Repito que o crime foi queima de arquivo da CUT", afirmou.
Enquanto Medeiros era ouvido, a polícia divulgou o laudo necroscópico feito no corpo do sindicalista morto. Cruz foi assassinado com quatro tiros de revólver calibre 38, a partir de uma distância de pelo menos 50 centímetros acima de seu corpo. Os tiros atravessaram as costas de Cruz. O quarto disparo foi dado na nuca e a bala se alojou no maxiliar. O laudo revela que o sindicalista morto, desse ângulo, não teve como esboçar defesa.
Em seu depoimento, Medeiros levou apenas um boletim de ocorrência, datado de 12 de dezembro de 93. Relatava o roubo de um automóvel Gol de propriedade de Cruz, em Marília (SP). "Nesse carro haviam documentos comprometedores, que agora cabe à polícia encontrar", disse.
O presidente da Força Sindical sustentou ter visto notas fiscais, com Cruz, que indicariam o desvio de verbas sindicais para a CUT e para o PT. "Esses documentos mostravam o pagamento de programas de TV e de gráficas para o PT", afirmou. "Mas agora quem deve saber onde eles estão é a família de Cruz".
Medeiros explicou que, ao seu ver, "mataram a principal testemunha da CPI da CUT" – e daí depreendeu que "Cruz seria o melhor documento das denúncias". No relato de Medeiros, Cruz foi-lhe apresentado pelo ex-vereador do PT Miguel Rupp em setembro passado, num congresso da Força Sindical, em São Paulo. A esse primeiro encontro teriam-se seguido outra série de reuniões, nas quais Cruz teria relatado a Medeiros como US$ 4,5 milhões, doados por duas centrais sindicais italianas, teriam sido desviados para o PT.

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