São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Pefelista ganhou US$ 510 mil de empreiteiras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Ézio Ferreira (PFL-AM) recebeu depósitos equivalentes a US$ 510 mil de quatro empreiteiras. Em pelo menos um caso, a CPI do Orçamento descobriu relação direta entre depósitos e liberação de verbas públicas. No dia 29 de junho de 92, a Prefeitura de Manaus liberou Cr$ 250 milhões (US$ 32 mil) para a CTL Engenharia. No mesmo dia, a empresa depositou Cr$ 110 milhões –31% do total– na conta do deputado do PFL.
A mesma CTL fez outro depósito para Ézio Ferreira, em 15 de julho do mesmo ano. Foram mais Cr$ 55 milhões (US$ 15 mil). As outras empreiteiras que deram dinheiro ao deputado foram Rodal Construções Ltda. (US$ 8,1 mil), Solo Planejamento e Construções Ltda. (US$ 139,4 mil) e Castor Engenharia Ltda. (US$ 365,4 mil). A CPI tem a informação, não confirmada, que a Castor pertence ao próprio deputado.
O deputado pediu ontem ao presidente da CPI, Jarbas Passarinho, para depor fora do plenário da comissão. Passarinho disse que a CPI agora dispõe de tempo suficiente e que todos os depoimentos serão em plenário. A Folha tentou falar com o deputado às 18h. Em seu gabinete ninguém atendeu. Na casa dele, a informação era de que ele estaria no Congresso.
A Subcomissão de Emendas fechou ontem o "ciclo completo" da corrupção em dois casos: deputado Cid Carvalho e senador Ronaldo Aragão. "Ciclo completo" significa envolvimento do parlamentar desde a aprovação de uma emenda até a liberação dos recursos, acompanhada de recebimento de propina. Como a Folha revelou ontem, o senador Aragão recebeu quatro depósitos da empreiteira Mendes Júnior.
O relatório da Subcomissão de Emendas poderá propor a cassação de até 15 parlamentares que integram o núcleo de poder formado por 26. Isso porque, através do cruzamento de dados com outras subcomissões, esse parlamentares tiveram sua situação agravada, segundo informou o coordenador de emendas, Sigmaringa Seixas (PSDB-DF).
O coordenador da Subcomissão de Patrimônio, senador José Paulo Bisol (PSB-RS), disse que o cruzamento de dados com a Subcomissão de Bancos produziu uma relação de dez parlamentares que apresentam irregularidades explícitas. Bisol não quis revelar os nomes. A Folha apurou que os deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Ricardo Fiuza (PFL-PE) integram essa lista.
A subcomissão está investigando 54 parlamentares. Destes, 30 já tiveram seus dados patrimoniais e fiscais cruzados com as informações obtidas junto aos bancos. Bisol pretende apresentar um relatório específico sobre os documentos da Odebrecht. (Elvis Cesar Bonassa, Flávia de Leon e Rudolfo Lago)

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