São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Caso dos pernambucanos terá relator próprio

GABRIELA WOLTHERS; RUDOLFO LAGO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Roberto Rollemberg (PMDB-SP) vai ser o relator do caso de todos os parlamentares de Pernambuco investigados pela CPI do Orçamento. A decisão foi tomada ontem, depois que o relator-geral Roberto Magalhães (PFL-PE) declarou "estar constrangido" para fazer o relatório sobre as investigações do deputado Ricardo Fiuza (PFL-PE). Magalhães é amigo de Fiuza e foi consultor jurídico de suas empresas.
Inicialmente, a CPI tinha decidido que Rollemberg relataria apenas o caso de Fiuza. Foi o próprio Rollemberg quem defendeu que Magalhães se afastasse também do julgamento dos outros pernambucanos. A decisão final foi tomada ontem à noite.
Quatro parlamentares de Pernambuco estão sendo investigados: o senador Mansueto de Lavor (PMDB) e os deputados José Carlos Vasconcellos (PRN), Sérgio Guerra (PSB) e Fiuza. A CPI decide hoje se investiga o deputado Miguel Arraes (PSB), que aparece nos documentos apreendidos na casa de Ailton Reis, diretor da empreiteira Odebrecht. Segundo estes papéis, Arraes teria pedido ajuda financeira da Odebrecht para sua campanha. Ele nega a acusação.
Antes de se declarar impedido, Magalhães já havia decidido pedir a cassação de Fiuza em seu relatório final. A parte do relatório referente a Fiuza estava praticamente pronta. Com cerca de dez páginas, o texto tem duas denúncias principais contra o parlamentar.
Ele foi relator-geral do Orçamento de 1992. É acusado de ter inserido emendas ao texto após o prazo legal. Segundo as denúncias da CPI, estas emendas favoreceriam as empreiteiras envolvidas em irregularidades no Orçamento.
A segunda acusação é com relação a um empréstimo efetuado pelo deputado na Caixa Econômica Federal em 21 de janeiro de 1991, no valor de US$ 1,5 milhão. O financiamento foi concedido mesmo com parecer contrário dos técnicos do banco. Ele nunca foi pago e hoje a dívida já soma US$ 3,7 milhões.
Todos os documentos referentes a parlamentares de Pernambuco serão enviados hoje a Rollemberg. O novo relator afirmou que não descarta a hipótese de ouvir novamente o depoimento de Fiuza.
Complô
O ex-ministro da Ação Social se reuniu ontem com o presidente da CPI, senador Jarbas Passarinho (PPR-PA). "Se ele (Magalhães) não tem capacidade, o problema é dele. Para mim não importa, quero apenas que a CPI se atenha aos fatos", disse Fiuza. Ele chegou a afirmar que há um complô contra ele. "O jogo político na CPI é evidente e isto só serve para desvirtuar os fatos." (Gabriela Wolthers
e Rudolfo Lago)

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