São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Espetáculo discute relação entre casais

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Espetáculo: Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Direção: Umberto da Silva
Elenco: Umberto da Silva e Ana Mondini
Quando: de hoje a 30 de janeiro; quarta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h
Onde: sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 251.5122, Bela Vista, região central)
Quanto: CR$ 800,00 (quartas) e CR$ 1.600,00 (quinta a domingo)

O espetáculo de dança "Mestre-Sala e Porta-Bandeira", de Umberto da Silva, inicia temporada hoje na Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso. Resultado de uma pesquisa patrocinada pelas Bolsas Vitae, conta com a participação de Ana Mondini. O tema enfoca a interdependência de um casal a partir dos dois personagens principais da escola de samba.
"Mestre-Sala e Porta-Bandeira" faz parte de um ciclo de espetáculos que Umberto da Silva e Ana Mondini vêm criando nos últimos anos com o objetivo de discutir a relação entre casais. "Começou com 'Stress sob as Estrelas', sobre o casal urbano, prosseguiu com 'Tristão Isolda', sobre o casal mítico. Agora conduzimos o tema para um contexto de cultura popular", diz Umberto.
A pesquisa de Umberto recorre às afinidades do mestre-sala e porta-bandeira com elementos da Renascença e da cultura negra. Segundo o coreógrafo, o desafio foi não cair no óbvio, ou seja, levar simplesmente passos do samba para o palco. No espetáculo, os dois personagens surgem como andarilhos ou retirantes que, instalados num determinado espaço, começam a viver seus sonhos.
É o próprio casal que vai construindo o cenário, reduzido ao essencial. Com folhas de jornal, eles constroem suas fantasias. Pregadores de roupa, arame e taquara são utilizados para preencher um ambiente cotidiano.
Com 50 minutos de duração, "Mestre-Sala e Porta-Bandeira" tem música de Jether Garotti que, por meio de computador, realizou uma mixagem de sons renascentistas e percussão afro. Umberto e Ana também contaram com a colaboração da psicóloga Mazé Akamine, para melhor delinear os personagens. "Mostramos o conflito de uma relação em que um não vive sem o outro e a prisão mútua criada pelo fato de ambos formarem um elemento único. Esse enredo, no entanto, é tratado com muito bom humor."
Além do apoio da Vitae, "Mestre-Sala e Porta-Bandeira" foi premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte como melhor criação de 1993. Paralemanete à temporada no Teatro Sérgio Cardoso, o casal de coreógrafos já está desenvolvendo seus próximos projetos. Ana Mondini acaba de formar um novo grupo de dança, o República da Dança. Umberto da Silva prepara outro espetáculo, baseado em "Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues, que ele estréia neste ano com Mariana Muniz.

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