São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Ivo Noal é liberado pela polícia após deportação

THAÍS OYAMA
DA REPORTAGEM LOCAL

O bicheiro Ivo Noal, deportado anteontem de Miami (EUA), desembarcou pela manhã em São Paulo acompanhado de um funcionário do Departamento de Justiça norte-americano. O bicheiro, que responde a processo por homicídio no Brasil, teve seu visto cancelado pelo serviço de imigração dos EUA e foi impedido de entrar no país.
Segundo o delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, assistente do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), Noal teve seu nome incluído na lista de "personae non gratae" do serviço de imigração norte-americano em função do mandado de prisão decretado contra ele no Brasil em agosto passado.
O mandado, decorrente do processo em que Noal é acusado pelo assassinato de um bicheiro rival, foi suspenso em novembro por decisão do Superior Tribunal de Justiça. O fato, segundo o delegado Lima e Silva, foi comunicado às autoridades policiais norte-americanas, que, no entanto, mantiveram em seus arquivos a condição processual do bicheiro. "Quando ele chegou ao aeroporto, teve seus dados checados e foi considerado não apto a entrar em território norte-americano", disse Lima e Silva.
Ivo Noal desembarcou em São Paulo às 10h40, em vôo da United Airlines. Foi levado para a sede da Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras, para vistoria de passaporte, e seguiu para o Deic (Departamento de Investigações Criminais), onde ficou menos de 15 minutos. "Manda a praxe que toda pessoa deportada seja ouvida por autoridades policiais estaduais", afirmou o delegado Lima e Silva.
Noal foi liberado pela polícia no início da tarde. A saída do Deic, afirmou que vai solicitar novo visto à embaixada norte-americana no Brasil. "Agora é uma questão de honra entrar lá de novo."
Ele disse que essa seria sua 31.ª viagem para os EUA nos últimos três anos. O objetivo, desta vez, era comprar um apartamento em Miami, "a prazo, pagando em 30 anos". O bicheiro está construindo um shopping center em Orlando, na Flórida, e afirma ter abandonado a contravenção.
Uma das pessoas que foram auxiliá-lo na Polícia Federal, no entanto, foi Luís Buono, gerente do cassino que até o último mês de novembro funcionava em mansão de propriedade do bicheiro, no bairro do Morumbi (zona sul de São Paulo).
Em depoimento à polícia, no mês passado, Noal declarou não ter nenhuma relação com o cassino. Negou conhecer Buono e afirmou que apenas alugara a casa para ele, através de um intermediário. O cassino do Morumbi foi desativado pela polícia depois de reportagem publicada pela Folha. ( Thaís Oyama)

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