São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Morre no Rio o ator Caíque Ferreira aos 39 anos

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

O ator Caíque Ferreira, 39, morreu ontem pela manhã no hospital Evandro Chagas, em Bonsucesso (zona norte do Rio), onde estava internado havia quatro dias com infecção generalizada. Segundo o ator Arnaldo Marques, 40, amigo de infância de Caíque, ele era portador do vírus HIV.
Marques disse que Caíque começou a apresentar os primeiros sintomas da Aids no final de 92 e que estava se tratando com o medicamento ddI –droga usada, em geral, depois que o AZT não faz mais efeito. Parentes e a médica Maria Cotrim não quiseram comentar se o ator tinha Aids ou não.
Caíque acabara de concluir seu primeiro romance, "O Vinho da Noite", que deverá ser lançado em março (leia texto ao lado). O corpo do ator foi sepultado às 17h no cemitério do Catumbi (zona norte do Rio).
O estado de saúde de Caíque começou a se agravar no dia 22 de dezembro, quando ele foi internado no Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão (zona norte). Submetido a uma biópsia do fígado, Caíque teve uma hemorragia e ficou internado sete dias. No último sábado, foi internado novamente no Hospital Evandro Chagas, onde morreu às 8h de insuficiência respiratória após infecção generalizada.
Depois de iniciar sua carreira no teatro, Caíque chegou à TV Globo em 81, para participar da novela "Brilhante", de Gilberto Braga. Seguiram-se "Paraíso" (82), "Amor com Amor se Paga" (84), "Corpo a Corpo" (85) e "Sexo dos Anjos" (89). Seu último trabalho como ator em TV foi em "O Guarani", da Rede Manchete, em 91. Em 92, atuou como apresentador da revista cultural "Curto-Circuito", da TVE.
No teatro, Caíque participou de várias peças, entre elas "Geovani James Baldium". Caíque era também formado em artes plásticas. Há cinco anos, começou a viajar pelo exterior em busca de novos trabalhos e fixou residência em Amsterdã no início dos anos 90.
No final de 92, Caíque participava do espetáculo de teatro-dança "Light to Light", com o bailarino alemão Mark Sciezkarek, quando teria começado a sentir os primeiros sinais da Aids. Deixou a peça, premiada em Dusseldorf, e transferiu seu domicílio novamente para o Brasil. "Ele queria morrer em português", disse Marques. Nos últimos meses, além da redação do livro, Caíque se dedicava à pintura.
O enterro foi acompanhado por dezenas de fãs, amigos e parentes. O diretor Jorge Fernando e as atrizes Maria Padilha, Eliane Giardini estiveram presentes. Caíque era carioca e tinha três irmãos e uma irmã.

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