São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994 |
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Mostra contrasta dois artistas figurativos
CARLOS UCHÔA FAGUNDES JR.
João Câmara traz a enorme bagagem de 44 pinturas, cobrindo o período de 1966 a 1993, o que lhe dá ares de retrospectiva. Entre elas está o filé mignon de sua obra, a série "Cenas da Vida Brasileira", feita entre 1974 e 1976, que mistura, em doses acertadas, reflexão política e invenção plástica, tornando-se referência na produção figurativa brasileira dos anos 70. São Paulo só viu esta série uma vez, em 1976. Organizada pelo empresário Jens Olesen, a mostra tem curadoria de Jacob Klintowitz. Daqui, as obras de João Câmara vão para o Museu Charlottenborg de Copenhague, e depois para a Alemanha e Holanda. As de Hansen viajarão pelo resto do Brasil e América Latina. Wiig Hansen este ano fará grandes exposições na Fundação Rufino Tamayo e no Museu de Monterrey, no México. Iniciando sua produção no imediato pós-guerra, faz parte de uma vertente expressionista que marca a arte escandinava, na qual se insere seu conterrâneo Asger Jorn, criador do grupo Cobra. Ao lado de uma intensa produção sobre papel, com desenhos, guaches e sobretudo xilogravuras, cria uma escultura forte, onde a figura humana é torturada por torsões dramáticas. Em qualquer técnica, usa sempre figuras despojadas de todo cenário ou entorno. É da própria expressão corporal das figuras que brota o "pathos" da obra, refletindo sobre as situações limites da guerra e da morte. Ainda no universo figurativo, mas com outra linguagem e poética, João Câmara tem seus pontos altos quando junta ironia e política a uma figuração muito bem cuidada, cheia de invenção. Resvala para certa facilidade em obras intimistas mais recentes, e também em algumas antigas, com figuras precárias. Apesar disso, e da qualidade irregular dos guaches de Hansen, o contraste entre os dois artistas é produtivo, sobretudo pensando no público estudantil que visita o Sesc Pompéia. Mostra: João Câmara e Wiig Hansen Quando: até 11 de fevereiro, de terça a sexta, das 9h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 9h às 20h Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Lapa, tel. 011-864-8544, ramais 111 e 135, zona oeste de São Paulo) Texto Anterior: Drag queen guardava múmia no armário Próximo Texto: Matilde Mastrangi quer ser atriz séria Índice |
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