São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 1994
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Tenente-coronel diz que entrou no morro

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O tenente-coronel Heleno Barbosa negou que tenha tido dificuldades em entrar na favela Jorge Turco na manhã de ontem. Ele disse que circulou "livremente" e desarmado pelas ruas do morro, tendo chegado ao local acompanhado apenas de seu motorista. "Até porque fui como agente de promoção social e não como policial", afirmou Barbosa.
O presidente da Fundação Leão 13 garantiu estar comparecendo todos os dias, desde domingo, ao local para dar apoio às famílias dos mortos. "Praticamente fui criado naquela região. Não temo entrar lá, porque a população é pacífica."
O presidente da Fundação Leão 13 disse que foi de fato à 40.ª DP, mas apenas para pedir os endereços de algumas das famílias. Ele declarou que permaneceu nas favelas de Acari e Jorge Turco das 10h às 11h15 e que sua saída coincidiu com a chegada dos homens do Bope.
"Alguém que viu a cena pode ter achado que eu pedi reforço", afirmou, acrescentando que voltou à tarde a Acari, por volta das 16h, "para providenciar algumas coisas".
No começo da tarde de ontem, os parentes das pessoas assassinadas tiveram uma audiência de mais de duas horas com o governador Leonel Brizola no Palácio Guanabara. Segundo o coronel, eles pediram que o encontro não fosse presenciado pelos jornalistas, por considerarem que seus familiares mortos têm sido tratados como traficantes.
"Posso afirmar que nenhum deles tinha envolvimento com tráfico. Se tivessem, suas famílias não estariam nas precárias condições em que vivem", disse o coronel. De acordo com Heleno Barbosa, o soldado do Exército Sílvio Lacerda Filho e seu tio César Paulo Albuquerque, mortos na chacina, voltavam de visitas às namoradas quando foram atingidos. "Quem estivesse no local correria esse risco." (Mário Moreira)

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